Setor estético passa por reaquecimento econômico após pandemia

Os profissionais da área foram alguns dos maiores prejudicados com o isolamento social
por
Larissa Isabella
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26/06/2023

Imagem de lookstudio no Freepik

“A pandemia me afetou demais! Eu tive que sair do local que estava meu estúdio, pois não consegui acordo com o proprietário,” conta Samantha Carvalho, de 34 anos de idade. A profissional em micropigmentação foi uma das afetadas do setor que sofreu tanto durante os fechamentos impostos pela Covid-19. Em meio ao período que afetou a sociedade de tantos modos, ceifando muitas vidas pelo mundo.  

A empresária afirma que passou por dificuldades também com pessoas de confiança, quando decidiu fechar as portas para não aumentar os riscos de contaminação entre as pessoas que conhecia: 

“Meus parceiros profissionais não queriam assumir a divisão de contas, por não saber quanto tempo teríamos de pandemia. Tive que me desfazer do meu estúdio em dias, colocando minha mobília na garagem de casa, sem local para ir, sem saber como iria procurar uma nova sala pois não podia sair de casa, medo do covid, contas chegando normalmente.”  

Nas mudanças vividas para tomar as devidas precauções com o vírus que assolou o planeta, a profissional explica como aumentou os cuidados no retorno dos atendimentos: “Para fazer micropigmentação já existe várias normas de biossegurança rígidas, mas não aceitava mais que a cliente fosse acompanhada, concedi maior espaço na agenda de uma cliente para a outra, para não ter encontros, aumentei o tempo de higienização do espaço, além da cliente precisar colocar protetor nos pés, passar álcool em gel na porta e higienizara roupa com uma solução específica antes de entrar.”  

Samantha contou que seus planos com o negócio voltado para a estética eram outros quando entrou nesse ramo, há seis anos. No começo, após ter deixado um emprego tradicional onde gerenciava um setor de uma empresa, Ela preferiu mudar de carreira para conseguir ter maior liberdade de horários, já que pretendia começar uma família e se sentia exausta com seu emprego. 

A empresária então foi ajudar uma amiga a fazer sobrancelhas e recebeu a indicação de seguir na área já que tinha uma boa forma de trabalho: 

“Pensei em ter micro pigmentação no meu espaço pois a lucratividade era muito boa. Então resolvi fazer um curso apenas para eu entender melhor sobre o assunto e eu me apaixonei! Vi que esse trabalho mudava a vida das mulheres, deixava elas tão felizes consigo mesmas, tão realizadas,”  conta Samantha. 

O ramo que tanto cativou a jovem empresária passou por muitos crescimentos ao longo dos anos. Vale ressaltar que segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o Brasil é o quarto consumidor de estética no mundo. 

De acordo com dados do Sebrae, mesmo em meio aos piores momentos da pandemia de Covid-19, o setor teve momentos de aquecimento. Em 2021 foram abertos 223.926 novos salões e clínicas de estéticas.  

Em seu relato, Samantha explica que também passava por todo o crescimento esperado no setor: “Antes da pandemia meu estúdio estava na melhor fase. Agenda lotada com dois meses de espera, dando cursos quase toda semana, outros parceiros atendendo comigo  , faturamento alto e prosperando. Tudo caminhando para um crescimento gigantesco. Sim, conseguiria viver tranquilamente do meu trabalho com as sobrancelhas, micros e cursos. Em um ano eu saí de uma sala de 30 metros para uma sala comercial de 85 metros, com funcionários e parceiros atendendo no meu espaço. O crescimento era real.” 

Um dos impactos culturais que a pandemia causou na sociedade foi a diminuição da necessidade de mudanças na aparência. Mesmo que muitos procedimentos tenham entrado na moda, principalmente por influência de famosos da internet, a busca do público diminuiu, afirma Carvalho: “O que mais impacta hoje é a economia. Pois o meu serviço é um valor relativamente alto, além de ser um supérfluo, então pode adiar na lista de prioridade delas. Além do motivo das clientes se acostumarem a estar ‘menos arrumadas’ e não sentirem tanta necessidade hoje de um serviço mais estético, ou pelo menos não com tanta frequência.” 

O mercado econômico brasileiro está passando por uma crise, conta o economista Rafael Bianchini, professor na Faculdade Getúlio Vargas (FGV), que participou de uma entrevista coletiva na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP): “Nossa economia, por mais que a gente tenha tido uma recuperação econômica em 2021 e 2022, a gente tem que lembrar que a crise que a gente vem vivendo desde 2014 é muito profunda. Só no ano passado o PIB brasileiro voltou a ser o que era em 2013, veja é uma década perdida. Fora o PIB per capita, que está no nível de 2009/2008."  

Continuando, o economista fala sobre os empecilhos na fabricação de insumos atualmente: “Em relação ao preço, a gente está vivendo um choque de oferta mundial em que energia está caro, insumos estão caros e aí não tem muito o que fazer.” 

Apesar de enfrentar todos os percalços destes últimos anos complicados no mundo, Samantha ainda se mostra apaixonada pelo ramo. A empresária conta que em meio aos momentos em que pensou em desistir sempre via um sinal para continuar persistindo nesse sonho e como sua família, amigos e até clientes a mantiveram de pé: 

“Toda essa situação me fez refletir muito sobre a vida, sobre o que você planta e colhe. Milhares de vezes pensei em desistir da profissão! Porque sabia da certeza que um trabalho CLT me proporcionaria. É além de mim, é um propósito de vida, sinto assim, e amo o que eu faço.” 

Samantha Carvalho completa sua história contando que embora tenha lidado com muitos imprevistos e situações que a fizeram frear sua carreira, ainda assim incentiva as pessoas a entrar no mundo da estética.  

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Economia e Negócios

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