Por José Pedro dos Santos
As ruas do centro guardam histórias fantásticas que não são conhecidas e nem estudadas. Reza a lenda que nessas ruas, onde milhões de pessoas já passaram, tanto por ser um dos pontos centrais da cidade, para rezar nas igrejas ou estudar na faculdade, vivia um homem chamado Rolão, que era um Lobisomem que perseguia pessoas pela cidade. O Largo São Francisco é um dos pontos mais importantes para a história da cidade de São Paulo, é considerada o marco zero da avenida Brigadeiro Luís Antônio, além de ter a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, a Fecap, Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado e duas igrejas, a Igreja São Francisco e a Igreja da Terceira Ordem da Penitência no mesmo espaço, sendo conhecido como um dos principais pontos de arquitetura barroca na cidade. E guarda histórias que se configuram como lendas urbanas.
Quem conta essas histórias é Thiago de Souza que passou a consumir conteúdos de terror como uma forma de lidar com o luto de perder uma tia para a COVID-19. Procurava explicações no sobrenatural. Com o tempo iniciou uma curadoria dos contos e histórias de terror de Campinas, sua cidade natal e depois de São Paulo. A partir daí surgiu a página O Que Te Assombra, que segundo ele tem como inspiração o livro Assombrações do Recife Velho de Gilberto Freire, livro que relaciona histórias de terror com o crescimento da cidade pernambucana. Com isso em mente Thiago passou a também fazer visitas e excursões por espaços considerados assombrados, tanto em Campinas como em São Paulo, passando por cemitérios, onde ele mostra criptas famosas de milagreiros e figuras vinculadas a lendas e outras coisas.
Segundo ele, o lobisomem paulistano tinha uma diferença dos contos convencionais da criatura. Em São Paulo, o filho de uma família de sete filhos homens gera um filho que se transforma em lobo, diferente da versão mais comum da história, onde ele surge de um filho homem que é antecedido por seis mulheres, além disso, o lobisomem de São Paulo volta a sua forma normal se ele for ferido de alguma forma, logo depois pede a pessoa que o feriu para esperar um pouco pois vai retribuir o favor de ter feito ele voltar ao normal, porém ao voltar, o Lobisomem mata essa pessoa descarregando um revólver nela.
Thiago conta na rua do Largo São Francisco que Rolão era um escrivão de um juiz de paz da região, por conta de ter uma letra bonita, após um tempo trabalhando com o juiz acaba por casar com a sua filha e tem um filho com ela. Se muda para a casa do sogro após ele se tornar viúvo. Na época, era comum as mulheres enfaixarem os bebês inteiros, Belinha, a mãe do filho do lobisomem, percebe que na noite do sábado após uma sexta de lua cheia, as faixas que enrolavam o bebes estavam estraçalhadas pelo chão do quarto. Assustada Belinha conversa com uma tia, que explica para ela que isso era coisa de lobisomem e explica para ela que para uma pessoa virar lobisomem ela deve ser o sétimo filho de uma família de seis homens, Belinha assustada percebe que Rolão se encaixa nesse perfil e pergunta o que ela devia fazer, sua tia explica que ela deve ferir Rolão em sua forma de Lobisomem.
Na primeira sexta feira de lua cheia seguinte, Rolão desaparece na madrugada, quando ele volta para casa, ainda na forma de cachorro e vai mexer no bebê, Belinha o fere com um canivete, ao voltar a sua forma humana, o marido pede a Belinha que ela espere no quarto que ele vai buscar um presente para ela para agradecer por ter sido salvo, quando ele volta, Rolão faz o que o lobisomem paulistano faz quando volta a forma humana, descarregou o revolver na cama, em uma tentativa de matar sua esposa, porém a tia de Belinha tinha alertado ela sobre isso e por conta disso, a mulher colocou travesseiros para fingir que estava deitada esperando o presente.