Por Pedro Rossetti
Com 87 anos a preocupação de Anita Andrade com doenças do dia a dia é cada vez maior, visto que desde a pandemia, a imunidade da população decaiu muito. Certo dia, seguindo a rotina normalmente e se cuidando com vitaminas e atividades físicas, sentiu uma dor embaixo dos seios que seguia pelo lado do corpo até as costas. Após exames para detectar o problema, confirmou-se que se tratava de Herpes Zoster, que é causada pela reativação do vírus que provoca catapora na infância.
O número de casos da doença subiu muito em relação aos últimos anos, evidenciando os problemas deixados pela pandemia. O período grande de isolamento, pouco exercício físico e estresse, podem gerar uma desaceleração do sistema imunológico e tornar o corpo propício a doenças contagiosas, como a gripe. Porém para Anita, a Herpes Zoster foi uma das piores doenças que já enfrentou. Sem remédios específicos para tratamento, bastava utilizar pomadas para tratar os ferimentos e manter-se firme aguentando a dor, que durou quase 3 semanas e, com seus 87 anos, a deixou ainda mais fraca e com medo de outras possíveis doenças que atingem idosos e pessoas com imunidade baixa.
Mesmo não sendo uma doença de alto risco, Anita sentiu muito medo no início, por não saber de onde vinha a dor e o porquê das feridas criadas ao longo do corpo. Sentiu-se abatida e tensa, por algo que nunca havia visto ou ouvido falar antes, mesmo que, no Brasil, os casos de Herpes Zoster tenham subido quase 600% desde a pandemia.
Depois de semanas de cama, Anita voltou a fazer o que ama, ir para suas aulas de dança e almoços com as amigas, mas garante que é preciso conscientizar a população sobre a doença, principalmente para as pessoas que não têm condição de tomar a vacina, que chega a R$1700,00.
Após a retomada das atividades no País em 2021, a preocupação da população sobre doenças contagiosas cresceu, principalmente para idosos e pessoas com doenças crônicas. Para Paulo Netto, a volta repentina ao trabalho e a rotina afetou drasticamente seu cuidado à saúde, já que, mesmo confinado, pegou Covid duas vezes. Sem pertencer ao grupo de risco, Paulo ficou preocupado com os casos de outros vírus após a pandemia, já que tem rinite alérgica.
Seu primeiro desafio foi a dengue, que contraiu logo após uma viagem a trabalho para o Sul. Segundo infectologistas, o aumento de casos da doença pelo mosquito aedes aegypti tem total relação com o isolamento global, já que sem a circulação intensa das pessoas e muito tempo dentro de casa, gerava um cuidado maior dos ambientes que tendem a ter a proliferação dos insetos.
Para Paulo, a doença foi devastadora, quase uma semana de cama, com muitas dores no corpo e febre, tendo de ir ao médico e ficar de repouso sem trabalhar, o que afetou seu psicológico, já que havia voltado a pouco tempo com as atividades normais. Além disso, aliada a doença, seus constantes ataques de rinite cooperavam para a baixa imunidade, que o deixava ainda mais para baixo. Focado em melhorar, passou a tomar vitaminas e sempre ficar de olho em novas vacinas, que foi algo positivo deixado pela pandemia, o cuidado com a saúde e a modernização e avanço nas produções de remédios e novas vacinas. Mesmo com muito tempo passado e somente gripes leves geradas pela sua rinite alérgica, Paulo voltou a ter outro problema, a Influenza. Ano passado, em um período de seis meses, foi diagnosticado duas vezes com o vírus, que é contagioso e tem muitos sintomas da gripe.
No Brasil, o aumento nos casos de influenza e outras doenças respiratórias foi gritante, com cerca de 60% dos casos de gripe sendo influenza A ou B. A falta de adesão nas campanhas de vacinação foi algo que afetou a população, com somente 32% de pessoas vacinadas, a doença continua se proliferando e gerando surtos.
O novo isolamento incapacitou Paulo de trabalhar presencialmente, o que afetou sua produtividade e o fez sentir um vazio, algo muito similar, nas devidas proporções, com o isolamento da pandemia, que afetou o psicológico de grande parte da população. A falta de contato social durante meses evidenciou problemas como ansiedade e depressão, mas felizmente, a família de Paulo ajudou muito nesse momento. Ficando um total de 15 dias isolados, em um período de seis meses, a junção de sintomas da influenza com a rinite crônica o deixou muito tempo de cama, deixando-o para baixo, com falta da rotina e muito incomodo com as dores de cabeça, garganta, febre e a coriza.
Para o bancário, a mobilização geral focada na diminuição do contágio da gripe é importante para a melhora da imunidade populacional, que foi afetada pós pandemia. Os efeitos da Covid vão muito além da infecção pelo vírus em si, deixando marcas profundas na saúde física e mental de milhares de pessoas. Compreender as doenças pós-pandemia é essencial para construir um sistema mais preparado, humano e resiliente diante dos desafios futuros, visando a melhora na imunidade do brasileiro.