Indústria da moda entra em nova era com o uso da IA

Da passarela ao algoritmo, como a fusão entre moda e tecnologia está moldando o futuro do estilo e da inovação.
por
Larissa Pereira José
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28/05/2024

Por Larissa P. José

A intersecção entre moda e tecnologia está moldando um novo cenário no universo do estilo e da inovação. A inteligência artificial (IA) surge como protagonista nessa transformação revolucionando desde a criação de designs até a experiência do cliente. Contudo, enquanto alguns enxergam esses avanços com entusiasmo, outros temem os impactos nessa grande indústria.

Para entender melhor essas perspectivas contrastantes o especialista do varejo de moda, Diego Jaques, ex-gerente de produto da grande varejista Renner, traz uma visão otimista sobre a integração da IA na moda. Enquanto isso, Letícia Nigro, idealizadora da marca Triple L, expressa suas preocupações em relação aos impactos dessa tecnologia no processo criativo.

Diego Jaques vê a IA como uma ferramenta que oferece uma visão única sobre as tendências e preferências dos consumidores. Ele explica que a inteligência artificial pode ser extremamente útil na fase inicial de criação. Com algoritmos avançados é possível analisar grandes volumes de dados de mercado e insights de moda, o que nos permite identificar padrões e antecipar demandas. Isso não apenas agiliza o processo criativo, mas também nos ajuda a tomar decisões mais informadas sobre design, materiais e estilos que têm mais chances de ressoar com nosso público-alvo.

Por outro lado, Letícia Nigro acredita que o processo de criação na moda vai além das tendências e estatísticas. Para ela a inspiração surge de experiências pessoais, emoções e conexões humanas. A IA pode oferecer insights interessantes, mas a verdadeira magia da criação de moda reside na capacidade humana de imaginar, experimentar e inovar. Ela diz preferir confiar na intuição e na paixão dos designers para criar peças que realmente toquem o coração das pessoas.

A aplicação da IA na moda vai além da previsão de tendências e da personalização da experiência do cliente. Marcas como Uniqlo e H&M têm aproveitado algoritmos de IA para analisar vastos conjuntos de dados, incluindo padrões de compra dos consumidores, preferências de estilo e até mesmo dados climáticos, para informar suas decisões de design e produção. Essa análise inteligente permite às empresas antecipar as demandas dos consumidores e adaptar suas coleções de acordo, minimizando o risco de excesso de estoque ou produtos não vendidos.

Quanto ao auxílio da IA nos processos que vêm após a criação inicial das peças, Diego destaca sua utilidade com a presença de softwares avançados de modelagem e renderização é possível visualizar e ajustar os designs de forma mais rápida e precisa do que nunca. Além disso, a IA pode ajudar na análise de dados de feedback dos clientes, permitindo ajustes em tempo real com base nas preferências e necessidades do mercado. Isso não só agiliza o processo de desenvolvimento, mas também aumenta a precisão e a eficiência, garantindo que nossas peças atendam às expectativas dos consumidores.

Letícia concorda com a praticidade da IA nesses processos ao utilizar ferramentas de IA para ajudar na modelagem e na visualização final pode ser uma verdadeira vantagem competitiva. Embora ainda valorize a criatividade e a intuição humana, reconheço que a tecnologia pode nos ajudar a ser mais ágeis e precisos na materialização de nossas ideias. É uma combinação poderosa entre a mente criativa e a inteligência artificial.

A questão sobre se a inteligência artificial poderia, no futuro, substituir os designers, revela um consenso entre os dois especialistas. Diego vê a IA como uma ferramenta poderosa que pode complementar e aprimorar o trabalho dos designers, mas não substituí-los. "A criatividade humana é única e intrínseca à arte da moda. A IA pode oferecer insights e sugestões, mas a verdadeira inovação e expressão artística vêm da mente humana. Acredito que, no futuro, veremos uma colaboração cada vez maior entre designers e IA, onde a tecnologia potencializa a criatividade humana, em vez de substituí-la."

Letícia compartilha uma visão similar dizendo acreditar que a inteligência artificial pode ser uma grande aliada dos designers ainda que não irá substituir completamente o papel humano na criação de moda. Para ela,  a moda é uma forma de expressão artística que vai além de números e algoritmos, como contar histórias, transmitir emoções e refletir a diversidade e complexidade da experiência humana. E relativiza argumentando que enquanto a IA pode oferecer sugestões e insights valiosos, a verdadeira magia da moda sempre virá da mente criativa dos designers.

À medida que a indústria da moda avança em direção ao futuro, a presença da inteligência artificial se torna cada vez mais proeminente, moldando um novo cenário onde criatividade e tecnologia se entrelaçam em um tecido único de inovação. Neste diálogo entre tradição e modernidade, Diego Jaques e Letícia Nigro representam duas vozes que ecoam as complexidades desse momento crucial.

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