Idosos são a chave para o mercado de trabalho

O crescimento da terceira idade no mercado de trabalho é perceptível em várias áreas, mas para essa alta, existem diversos motivos que os levaram a continuar ou retornar à ativa
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Vitória Nunes (texto) e Cecília Mayrink (audiovisual)
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06/11/2023

Por Vitória Nunes (texto) e Cecília Mayrink (audiovisual)

 

O psicólogo-psicanalista, Geraldino Alves Ferreira Netto, tem 88 anos e trabalha desde 1955. Teve seu processo de aposentadoria iniciado em 1982, há 41 anos. Ele explica que continua trabalhando para manter um nível de vida econômico razoável e para seu bem-estar psíquico. Mas, segundo ele, o principal motivo para continuar exercendo a profissão é sua realização profissional e o prazer que lhe proporciona o tipo de trabalho humano que realiza. 

Também é o caso da atendente financeira Cristine Weigert, de 64 anos, conta que trabalha, pois é aposentada apenas com o salário mínimo. Ela diz que seu principal objetivo é contribuir com o orçamento familiar e que gosta da sua profissão e atende o público via telefone há anos e prefere trabalhar do que ficar em casa. Ela considera que o aumento de sua idade não diminuiu sua jornada de trabalho, e sim aumentou por conta de dificuldades financeiras da empresa, que diminuiu a quantidade de funcionários e aumentou a carga horária dos trabalhadores que ficaram.

Em outra realidade, Geraldino diz que tenta diminuir suas atividades e descansar para que seu trabalho seja produtivo sempre. Ele também menciona um cansaço maior que o que sentia antes. Contando um pouco de sua rotina em seu consultório, diz que ela é programada com pequenos intervalos para descanso.

Idosos como Geraldino e Cristine precisaram se atualizar para um mercado de trabalho modificado. A pandemia da Covid-19 entre 2020 e 2022 é um exemplo de como o mundo teve que se mobilizar para adaptar seus métodos e sistemas de trabalho à uma realidade de emergência sanitária grave. Assim, muitos idosos precisaram ingressar à tecnologia de uma forma mais precisa e principalmente, nova. Para entender melhor como foi esse processo para tal grupo, ouça o podcast "Profissionais que Não Envelhecem", da Cecília Mayrink. 

Os idosos que continuam a trabalhar representam uma parcela cada vez mais significativa da força de trabalho em muitos países. Eles desafiam estereótipos e demonstram uma notável resiliência e dedicação. Com vasta experiência acumulada ao longo dos anos, esses indivíduos frequentemente desempenham papéis essenciais em diversas áreas, contribuindo com seu conhecimento e sabedoria. Suas histórias de vida e perseverança são uma inspiração, mostrando que a idade não é um obstáculo para a realização pessoal e o impacto na sociedade.

Trabalhando lado a lado com gerações mais jovens, os idosos que continuam a se dedicar ao mercado de trabalho também promovem a intergeracionalidade e o enriquecimento mútuo, construindo um ambiente de trabalho mais diversificado e inclusivo. Eles merecem reconhecimento e apoio por sua valiosa contribuição contínua para a sociedade. No Brasil, uma pessoa é considerada idosa a partir dos 60 anos de idade segundo o Estatuto da Pessoa Idosa. Portanto, não é a condição física, social ou intelectual que define um veterano, e sim a data de nascimento registrada em seu RG.

Desse modo fica fácil entender por que o mercado de trabalho está contratando tantas pessoas da chamada “terceira idade”. Já que eles comprovam que as aptidões para o trabalho continuam em alta, independente das razões pelas quais estão no mercado. 

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), elaborada pelo IBGE, aponta que os idosos são o grupo com menor participação no mercado. Mas esse percentual está aumentando. Em 2012, a porcentagem de idosos ativos era de 5,9%. Em 2018, o índice aumentou para 7,2%, segundo o IBGE, o que representa 7,5 milhões de idosos atuando como força de trabalho. 

Por outro lado, o mesmo estudo mostra que o desemprego entre os idosos aumentou significativamente, passando de 40,3% em 2018, contra os 18,5% registrados em 2013. Muitas vezes, esses números refletem o preconceito contra pessoas da terceira idade. Esse é um problema persistente que merece atenção. Muitas vezes, indivíduos mais velhos enfrentam estereótipos que os rotulam como menos produtivos, menos adaptáveis às novas tecnologias e menos energéticos. 

Esses preconceitos podem resultar na exclusão desses profissionais do mercado de trabalho, privando as empresas de valiosos recursos e experiência. É fundamental promover a diversidade etária e combater estereótipos, garantindo oportunidades igualitárias para todas as faixas etárias, permitindo que os idosos contribuam de maneira significativa para a força de trabalho e a sociedade na totalidade.

Os dados do IBGE comprovam que pessoas acima dos 60 anos estão aptas a desempenhar suas funções com responsabilidade e qualidade. Nada mal para um público que deverá representar 25,5% da população brasileira até 2060. A permanência ou entrada dos idosos no mercado de trabalho é explicada, principalmente, pela necessidade de gerar renda para suas famílias. Muitas famílias ainda dependem inteiramente, ou na maior parte, da renda dos mais velhos. 

O crescente envelhecimento da população e as mudanças nas dinâmicas econômicas têm levado a uma maior presença de idosos no mercado de trabalho. Este fenômeno é um reflexo das contribuições significativas que os idosos podem oferecer, trazendo experiência, habilidades e maturidade para as empresas.

No entanto, também é importante considerar a necessidade de políticas e práticas que promovam a inclusão e a valorização desses trabalhadores mais experientes. Ao criar ambientes de trabalho mais inclusivos e flexíveis, as empresas podem colher os benefícios da diversidade geracional, enquanto os idosos têm a oportunidade de continuar contribuindo de maneira significativa para a economia. 

Portanto, o equilíbrio entre a experiência dos idosos e as oportunidades de desenvolvimento profissional é essencial para garantir um mercado de trabalho mais dinâmico para todas as gerações.

 

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