Famílias da Zona Leste são atendidas pelo programa Minha Casa, Minha Vida

Moradores mostram esperança de uma nova vida em nova casa
por
Rafael Monteiro Teixeira
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26/05/2022

Por Rafael Monteiro

Entulhos de casas espalhados e o som de escavadeiras marcaram o começo do dia 24 para algumas famílias da zona leste da metrópole paulistana. Como moradores em áreas de risco da região eles convivem com a certeza de que podem ficar sem suas residências a qualquer momento. Mesmo que a situação possa ser a indicação de um recomeço, pois elas serão reassentadas para novas moradias, permanece a incerteza para onde serão deslocadas, e quase sempre é para longe de áreas que podem ser prejudiciais para suas vidas. Era uma manhã quente quando famílias que residem em uma área propensa a inundações, onde seria necessário a implantação de um sistema de drenagem, após uma longa jornada de espera para a remoção, foram reassentadas para um empreendimento do programa Minha Casa Minha Vida, financiado pelo programa de Aceleramento do Crescimento-PAC do Governo Federal em parceria com o município de São Paulo.

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Escavadeira destruindo uma das moradias (Arquivo pessoal)

Os caminhões com os objetos pessoais de algumas famílias começam a chegar a partir das 8:30 da manhã, elas são recepcionadas pela equipe de assistentes sociais da prefeitura e da gerenciadora social que as acompanharão em um período de 12 meses a partir da primeira mudança.

Uma das assistentes sociais, Claudia Peres Monteiro, que trabalha há 20 anos na gerenciadora social Diagonal Urbana, se mostra feliz em contribuir para que a política pública de habitação seja garantida e pessoas em situação de vulnerabilidade possam realizar seu sonho de ter a casa própria. “É sempre bom ver famílias realizando o sonho de ter a casa própria, longe de áreas que as comprometem”, diz a assistente social levando uma família para sua nova moradia.

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Área de demolição das moradias (arquivo pessoal)

“As cidades, cada vez mais possuem múltiplos desafios para fornecer serviços adequados ao desenvolvimento de seus habitantes” diz Monteiro. Entre esses estão a garantia da qualidade de vida, preservar a identidade cultural das famílias e a sociabilidade entre os reassentados. À medida que mais famílias chegam, os caminhões vão chegando também, e elas começam a ir para suas novas casas, todas com um grande sorriso no rosto e muito animadas para conhecer onde irão morar após esse dia.

“É um sonho de todo o ser humano”, diz um morador, com uma certa emoção em sua voz, claramente dando a entender toda sua animação ao entrar em sua nova casa, ou nova vida no caso. Ao todo são esperadas 300 famílias para fazerem a mudança, para as 300 unidades que estavam prontas no empreendimento, diz outra assistente social, que não quis dizer seu nome. Ela ainda complementa “é a materialização de um sonho para essas famílias”.

Outra moradora se mostra muito feliz com sua nova moradia, e diz que quando finalmente acabar de mobiliar toda sua casa, ela sabe que esse vai ser realmente o seu lar. Mas para entender todas essas histórias teríamos que voltar no tempo, para saber o porquê, tantas pessoas moram em áreas de risco, e precisam ser retiradas do lugar onde vivem e ser relocadas para outros lugares.

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Empreendimento onde as famílias foram realocadas (Arquivo pessoal)

Tudo começou com a espação urbana na cidade de São Paulo, que foi intensificada na década de 50, em função do desenvolvimento industrial liderado pela indústria de produção de bens de consumos duráveis (automóveis, televisores, geladeiras, entre outros).

A ausência de acesso dos trabalhadores a moradia fez proliferar os loteamentos irregulares, distantes dos locais onde havia oferta de empregos, desprovidos de qualquer infraestrutura e de transporte, e sem considerar os padrões mínimos de qualidade ambiental, de vida ou qualquer regulação urbanística, que garantisse a população segurança relacionada a posse da terra.

Diante da situação descrita, o número de comunidades instaladas em áreas desocupadas em periferias, incluindo os espaços a beira de córregos nas encostas consideradas de risco. Foi a partir desse contexto que ocorreu a ocupação de grandes áreas que foram consideradas de risco, como por exemplo, as famílias que ocuparam a Várzea do Tietê, as margens do rio, na zona leste da cidade de São Paulo. Essas regiões são consideradas impróprias para o assentamento humano, por estarem sujeitas a riscos naturais, como deslizamentos e inundações.

Para promover e fomentar o desenvolvimento social, as equipes técnicas atuantes nessas áreas, devem adotar mecanismos e processos para estimular a participação das pessoas e das organizações que atuam nesses territórios. Esse envolvimento faz com que todas as famílias se sintam responsáveis pelo território onde foram reassentadas, garantindo, assim, a sustentabilidade dos projetos implantados.

A contribuição das pessoas para a melhoria das condições de vida da comunidade de onde vivem de forma ativa, consciente e responsável, é o que melhor representa o significado da participação comunitária.

Para o sucesso de projetos que são e vão ser implantados é necessário o envolvimento de todos os atores participantes da intervenção: moradores, entidades locais, equipes técnicas, prefeituras municipais, entre outras, cada um com suas capacidades e possibilidades.

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Empreendimento onde as famílias foram realocadas (Arquivo pessoal)
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