Eventos em estádios impulsionam o comércio ambulante

Em dias de jogos ou shows o movimento é muito acima da média
por
GABRIEL DALTO BORELLI
|
29/05/2025

Por Gabriel Borelli

 

Não é novidade que eventos relevantes geram um impacto econômico por atrair pessoas e consequentemente, comerciantes. Um exemplo de ocasiões desse gênero são shows e partidas de futebol realizadas em arenas. Elas atraem um público muito grande, gerando a presença, também grande, de vendedores ambulantes. Na cidade de São Paulo, com os três estádios dos grandes clubes da cidade são fomentadores da economia, quase sempre, informal. 

Com relação aos eventos futebolísticos, no Brasil, existe uma cultura de pré-jogo muito forte, quando os torcedores que vão prestigiar o espetáculo se reúnem nos arredores do estádio e ficam conversando, bebendo e comendo até o horário do pontapé inicial se aproximar. Em Perdizes, bairro da Zona Oeste da capital paulista que acomoda o estádio Allianz Parque, esse costume é muito tradicional e sustenta o comércio do entorno da arena.

Para Jamal Belluzzo, torcedor do Palmeiras, essa tradição já se tornou quase que uma rotina em que o palestrino já pratica há muitos anos, e frequentar os bares e arredores do estádio são fatores imprescindíveis. Segundo Belluzzo, o ambiente é extremamente ímpar, onde é possível extravasar estando no meio de pessoas do mesmo sangue, dividindo a mesma paixão. O taxista Anderson Pedroso também compartilha da prática dessa rotina religiosa de vivenciar o pré-jogo em frente ao estádio Alviverde. A tradição, de acordo com o torcedor, é degustar um churrasco, bater um papo com os colegas de arquibancada, e esperar o horário do jogo. Esse ambiente, para Pedroso, é quase que uma segunda casa e é ótimo para esquecer o conturbado cotidiano da cidade de São Paulo. 

Do outro lado da moeda, os vendedores também se sentem muito à vontade com a atmosfera criada em dias de jogo na Rua Palestra Itália. Valdir Rodrigues veio da Bahia até a cidade paulistana em busca de melhores oportunidades de trabalho e hoje atua como vendedor ambulante exclusivamente em jogos do Palmeiras. Ele conta que já está em São Paulo há duas décadas e já passou por diversos lugares do mercado de trabalho. Há três anos Valdir trabalha vendendo faixas, camisas e bonés do Verdão em frente ao estádio. 

Ele diz que com os anos que se passaram desde que passou a se ocupar com as vendas, foi construindo uma relação de identidade com o Palmeiras e o ambiente dos arredores do Allianz Parque, sendo um dos motivos para trabalhar exclusivamente lá em dias de jogos. Entretanto, o principal fator dessa exclusividade, é a cultura de aglomeração e encontro dos palmeirenses, que acabam adquirindo diversos produtos e consumindo alimentos e bebidas. Conta que o movimento é muito bom, e segundo colegas de trabalho, é melhor do que em arenas dos demais clubes paulistas, muito por conta da localização da casa palmeirense. 

Ele afirma que quando os jogos do Palmeiras são transferidos para outro estádio, o comércio acaba ficando escasso. O Verdão em muitas oportunidades durante a temporada, acaba sendo obrigado a realocar suas partidas para a Arena Barueri, localizada a 28 quilômetros da casa palestrina, e isso certamente impacta a economia local. Diz que é um alívio quando o Alviverde mantém os jogos em seu domínio, pois as vendas quase que dobram com a presença maçante dos palmeirenses.  

Em seu último compromisso como mandante pela Copa Libertadores da América, o Palmeiras recebeu o Bolívar em casa e teve público reduzido em sua casa devido a presença do palco para shows que não foi desmontado a tempo da partida. A torcida alviverde marcou presença e encheu a capacidade disponível, de 29 mil torcedores. Para Valdir, a diferença de público é quase que imperceptível, e segundo o vendedor, as vendas se mantém na média. Ele relata que foi a Perdizes com 30 camisas do Alviverde, e vendeu 13 no total. A projeção de Valdir para os próximos compromissos do Palmeiras em seu domínio é de muito trabalho, sorte e vitórias do Verdão, que segundo o vendedor, ajudam nas vendas. 

Na zona leste da capital, a pouco mais de 25 quilômetros de distância de Perdizes, está localizada a Neo Química Arena, estádio do Corinthians. O comércio na casa alvinegra não teria um ambiente diferente dos arredores do arquirrival Palmeiras, e o grande público nas alamedas toma conta do território do Timão. 

O Corinthians, que detém a maior torcida do estado de São Paulo e a segunda maior do Brasil, tem seu estádio com uma capacidade total de 49.205 pessoas, e a torcida corinthiana, fiel como é, lota a casa alvinegra em dias de jogo. O vendedor Ítalo Marques carrega seu também fiel varal de artigos do Timão: camisas, bandeiras e bonés escalam sua loja ambulante. A rotina dele como comerciante se divide em duas etapas: primeiro, se desloca até a estação do metrô Corinthians Itaquera, e estende seu enxoval de roupas buscando atender o torcedor que está indo ao estádio. Quando a partida está a três horas de começar, é o momento de ir para o arredores da Arena. 

Os cerca de 15 minutos de caminhada até a casa corinthiana valem muito a pena. Grande parte dos itens comerciados são vendidos nas alamedas para a alegria de Ítalo. Corinthiano desde o berço, o vendedor também atua exclusivamente em jogos do Timão, muito pela sua paixão e identidade com o clube. 

Na  décima rodada do campeonato brasileiro, o Corinthians encarou o Vitória na Neo Química Arena, que contou com a presença de mais de 44 mil torcedores. O comerciante conseguiu vender boa parte de sua mercadoria, voltando para casa com poucas peças. Apesar do empate sem gols com gosto de derrota, o sucesso de vendas abafou a má atuação corinthiana. Enquanto Valdir Macedo que fica na torcida de boas vendas e vitórias alviverdes, Ítalo também espera sempre fazer um bom trabalho, mas torce pelo sucesso futebolístico do Timão dentro das quatro linhas. 
 

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