Por Larissa P. José
O Met Gala realizado anualmente no Metropolitan Museum of Art em Nova York é amplamente conhecido por seu espetáculo de moda, onde celebridades exibem criações deslumbrantes e extravagantes. Mas há uma indagação subentendida sobre qual seria a real intenção por detrás deste evento glamoroso. Este é um debate que envolve opiniões diversas. De um lado, Rose Benedetti, pioneira no mercado de bijoux de luxo e grande conhecedora da moda, e do outro, Agatha Santi, estilista especialista em upcycling e moda consciente.
Para Rose Benedetti o Met Gala é muito mais do que apenas um show de exibicionismo. Ela acha que é fácil ser cínico e ver o evento apenas como uma vitrine de vaidade e luxo, mas, na verdade, Benedetti considera que ele tem um propósito muito mais nobre. Toda a arrecadação da noite é destinada ao Costume Institute do Met, financiando exposições, aquisições e a preservação de peças históricas de moda que, de outra forma, não estariam acessíveis ao público. Benedetti ressalta que o Met Gala também serve como uma plataforma crucial para a moda como arte pois cada tema anual do evento inspira uma exposição que explora diferentes aspectos da história e da cultura da moda, além de ser uma oportunidade para designers se desafiarem criativamente e para o público refletir sobre o impacto da moda na sociedade. Ela também destaca o papel do Met Gala na promoção de novos talentos já que o evento proporciona visibilidade não apenas para estilistas consagrados, mas também para os emergentes que têm a chance de ver suas criações usadas por celebridades influentes, e Isso pode ser um grande impulso em suas carreiras.
Além do aspecto financeiro e artístico, Rose Benedetti acredita que o Met Gala possui um componente social significativo por conta do encontro de pessoas de diferentes indústrias - moda, cinema, música, arte - que se unem em prol de uma causa comum. Ela considera que esse networking é fundamental para o crescimento e a inovação em várias áreas.
Contrapondo essa visão, Agatha Santi, estilista especializada em upcycling e moda consciente, critica o Met Gala por desviar a atenção dos reais problemas da indústria da moda, pois, em sua opinião é uma celebração de excessos em um momento em que é preciso, urgentemente, repensar a abordagem sobre o consumo e à produção de moda, uma vez que se trata de um evento onde são gastos milhões em roupas que, na maioria das vezes, são usadas apenas uma vez e isso vai na contramão dos princípios de sustentabilidade.
Para Santi, o evento ofusca questões críticas como o desperdício e a destruição ambiental pelo fato de que a indústria da moda é uma das maiores poluidoras do planeta. Enquanto os holofotes estão no brilho e no glamour do Met Gala se ignora o impacto devastador que essa indústria tem no meio ambiente. Ela considera ser preciso mais foco em práticas sustentáveis, como o upcycling, e menos em celebrações de luxo. Ela também critica o evento por perpetuar uma cultura de consumo desenfreado ao promover a ideia de que a moda é descartável e mudar essa mentalidade valorizando roupas que são feitas para durar, com materiais sustentáveis e processos de produção éticos.
O Met Gala, portanto, é um evento que suscita opiniões divergentes. Para Rose Benedetti, ele é uma combinação sofisticada de filantropia, arte, promoção de talentos e impacto cultural, um evento que financia a preservação da história da moda e inspira criatividade e inovação. Ela vê no evento um palco onde a moda é tratada como arte e um ponto de encontro que fomenta conexões e colaborações entre diferentes indústrias.
Por outro lado, Agatha Santi nos alerta para os problemas ambientais e de consumo exacerbado que o evento pode mascarar. Ela critica o Met Gala por perpetuar a ideia de que a moda é descartável e por desviar o foco das questões urgentes da sustentabilidade e do impacto ambiental da indústria da moda. Para Santi, é necessário um maior compromisso com práticas sustentáveis e uma mudança na mentalidade de consumo.
Diante dessas perspectivas contrastantes, fica claro que o Met Gala é mais do que apenas uma noite de exibicionismo. Ele é um reflexo dos muitos desafios e complexidades da indústria da moda, trazendo à tona a necessidade de um diálogo contínuo sobre se, e como, é possível conciliar glamour e sustentabilidade.