Por Lucas Lopes
Voltando da faculdade, Felipe Pjevac caminhava pelas íngremes ladeiras de Perdizes com o coração acelerado e a mente fervilhando de possibilidades. O sol do inverno quente filtrava-se através das árvores, lançando sombras que se movimentavam como um tipo de dança, enquanto refletia sobre o tempo que se esvaía. Estava em seu penúltimo ano de do curso de Jornalismo, e a urgência de encontrar um estágio se tornava cada vez mais palpável, como um grão de areia que se encrustava em seu braço.
Naquela semana, um evento se aproximava, e Felipe sentia uma mistura de ansiedade e esperança. A EXPO CIEE 2024 prometia ser o cenário perfeito para conectar estudantes a oportunidades que poderiam moldar suas carreiras. Vagas em redações, agências, projetos sociais, as possibilidades pareciam infinitas, mas a pressão era imensa. Cada conversa, cada currículo entregue poderia ser o que o afastaria do limbo da incerteza.
Na manhã de uma sexta-feira 13 o sol brilhava forte sobre o imenso pavilhão que recebeu a maior feira de carreiras da América Latina, erguida por talentos, sonhos e oportunidades. A entrada era marcada por uma imponente fachada de vidro, onde o reflexo dos visitantes se misturava com o céu, sugerindo uma transformação iminente. Era o cenário ideal para a promessa de um futuro vibrante. Ao atravessar as portas, uma sensação de euforia e anseio se espalhavam pelo ar refrescante do local. O pavilhão, decorado com cores vivas e design futurista, estava repleto de estandes, palestras e workshops, cada um prometendo uma nova janela para o mundo das oportunidades.
Os estandes exibiam inovações tecnológicas e visões audaciosas sobre o futuro do trabalho e a inovação das profissões. Entre os visitantes, alguns carregavam mochilas contendo lanches práticos e o currículo impresso, como Pjevac. Felipe tinha passado a noite em claro montando e atualizando seus dados pessoais, profissionais e acadêmicos para imprimir e distribui-los às empresas que se fizeram presente no evento. Ao entrar no pavilhão, foi envolvido por um turbilhão de vozes e risadas. Qiosques coloridos exibiam logotipos familiares, enquanto profissionais experientes conversavam animadamente com jovens sonhadores como ele. O cheiro do café fresco e da pipoca gratuita misturava-se ao aroma de papel fresco do currículo impresso no quarteirão do Expo Center Norte.
Ele parou em frente ao estande de uma startup focada em relações públicas, na qual não posso citar o nome, porém o banner destacava a frase: Ajudamos a contar histórias. Venha contar a sua! Aquilo ressoou em seu peito. A ideia de poder dar voz a quem não tinha, de desvelar verdades e iluminar a realidade, era o que lhe inspirava a seguir estudando Jornalismo. Respirou fundo e se aproximou, determinado a não deixar a timidez falar mais alto.
Durante a conversa, compartilhou suas experiências, seus projetos acadêmicos e algumas matérias que escrevera para os jornais e agências da PUC-SP. O olhar do recrutador se iluminou ao ouvir sobre sua paixão pela narrativa e sua busca incansável por justiça social. Ao final, uma promessa: Mantenha contato. Vamos analisar seu perfil. Ao sair do local sentiu um misto de euforia e dúvida. Não sabia se investida teria dado certo. A insegurança o acompanhava como uma sombra, mas ele sabia que a jornada estava apenas começando. Cada conversa, cada contato era um passo em direção ao seu objetivo.
Afinal um dos seguranças do evento, Aloísio, disse que em torno de 10 mil jovens estiveram naquela manhã em busca do mesmo objetivo de Felipe. A concorrência era o primeiro sinal da disputa por uma vaga de estagiário na profissão.Ter um primeiro trabalho é um sonho para muitas pessoas, já para outras é uma aflição sem tamanho. Realmente, começar a trabalhar não é de se tirar o mérito tendo em vista que, ao entrar nessa vida trabalhista poucos conseguem abandoná-la.