Esperança é o lema para enfrentar e sobreviver ao câncer

A luta contra o câncer está sempre presente na vida de pacientes.
por
Felipe Volpi Botter
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12/11/2024

Por Felipe Botter

Com fim do seu processo de cura, Clarissa tem desejos que foram gerados e ou aumentados após passar por esse período no qual esteve tão perto da morte. Ela deseja viajar o mundo e considera que não pode adiar seus sonhos. Seu maior desejo é visitar a Ásia, sonha em conhecer o Japão, China, Coréia dentre outros. Ela considera a diversidade cultural de lá em relação ao nosso país, algo muito interessante. Por 38 anos, Clarissa Batista levou uma vida simples. Fonoaudióloga e mãe solteira de duas crianças (Lorenzo e Miguel). Com uma rotina estável, sua prioridade sempre foi cuidar da família e trabalhar. Mas, no início deste ano, sua vida foi subitamente transformada quando recebeu o diagnóstico devastador de câncer no útero.

O tratamento para o câncer de útero é notoriamente invasivo, e com Clarissa não foi diferente. A quimioterapia  debilitou seu corpo, ela experimentou os efeitos colaterais mais clássicos, como náuseas constantes, perda de apetite, fadiga extrema e, talvez o mais impactante, a queda de cabelo, algo que a afetou profundamente. O cabelo sempre foi parte de quem ela era. Perdê-lo fez com que se sentisse vulnerável de uma maneira que ela nunca havia imaginado. Mesmo assim, Clarissa nunca cedeu ao desespero. A quimioterapia tirava-lhe a energia para realizar até as tarefas mais simples, como brincar com seus filhos ou até mesmo caminhar pela casa. Mas o que ela mais sentia falta, era de nadar com seus filhos, ela amava fazer isso, sentir a água pelo corpo, pelo cabelo, enquanto carregava os dois nos braços pela água. Cada vez que eu pensou em desistir, olhou para os filhos naquele gelado e torturante quarto de hospital e encontrou forças.
A quimioterapia foi seguida pela radioterapia. Durante semanas, Clarissa fez sessões diárias de radiação, que tinham como objetivo reduzir o tamanho do tumor e evitar que as células cancerosas se espalhassem para outros órgãos. A radioterapia, embora localizada, também trouxe efeitos colaterais como queimaduras.

A decisão mais difícil e corajosa que Clarissa tomou, foi a de fazer a cirurgia de histerectomia. A histerectomia é uma cirurgia invasiva e pode ter consequências importantes para a saúde física e mental das mulheres. Para Clarissa, a operação trouxe um problema físico, pois causou a remoção do tumor, mas também trouxe a dor emocional de saber que não poderia mais ter filhos. Foi um luto que precisou enfrentar. Ela sabia que a cirurgia era a única maneira de garantir sua saúde, mas aceitar que nunca mais poderia gerar uma vida foi um processo muito difícil.

Glauber Ramos, seu marido, esteve ao seu lado durante todo o processo, acompanhando-a em consultas e sessões de tratamento. O apoio da família foi crucial, mas Clarissa também encontrou solidariedade em grupos de apoio para mulheres com câncer. Os encontros mostraram para ela que não estava sozinha. Ouvir histórias de outras mulheres que também lutaram contra o mesmo monstro deram esperança para Clarissa.

O período de recuperação após a cirurgia foi lento. Clarissa teve que lidar com dores, limitações de movimento e, principalmente, a adaptação ao novo corpo. Além disso, a menopausa precoce, consequência da remoção do útero, trouxe novos desafios, como ondas de calor, mudanças hormonais e alterações no humor. Essas mudanças exigiram que encontrasse um novo equilíbrio, tanto físico quanto emocional.

Ao longo de todo o tratamento, o aspecto emocional foi uma montanha-russa. Ela ficou muito tempo com medo, com dúvida, com raiva até. Às vezes, ela se perguntava por que aquilo estava acontecendo com ela. Por isso, além dos cuidados médicos, ela buscou apoio psicológico, algo que se mostrou fundamental para lidar com os sentimentos que o câncer trouxe à tona. Frequentando grupos de apoio e sessões de terapia, Clarissa pôde compartilhar sua dor e encontrar conforto em outras mulheres que passavam pela mesma situação. A psicoterapia ajudou a processar as perdas e a reconstruir sua autoestima.

Clarissa superou os maiores desafios do pós câncer. Ainda leva alguns cuidados, toma seus medicamentos de gostos asquerosos todos os dias nos horários corretos sem falta. Tem conseguido levar sua vida quase que normalmente, com o tempo, Clarissa poderá voltar a viver plena se tranquilamente ao lado de sua linda família.

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