Por Marcello Toledo
Vinicius, aos 23 anos, estava em um ponto de virada em sua vida. Embora jovem, sentia uma inquietação constante, um desconforto com a forma como o mundo ao seu redor funcionava. Havia algo que o incomodava, uma sensação de que a realidade como a conhecia escondia camadas mais profundas. O que buscava era difícil de definir, mas estava claro em sua mente que ele precisava entender mais sobre o propósito da vida e, principalmente, sobre o potencial humano – algo que ele acreditava não estar sendo plenamente utilizado.
Esse desejo o levou a conversar com amigos, a debater questões filosóficas e a procurar respostas em livros e filmes. Em meio a essas discussões, um amigo sugeriu que ele assistisse a uma palestra online da professora Lúcia Helena Galvão, da escola de filosofia Nova Acrópole, sobre o Caibalion, um livro que explora antigos conhecimentos místicos egípcios. Foi um ponto de virada. Vinicius se sentiu profundamente tocado pelos temas abordados. Sentiu que havia encontrado, finalmente, algo que falava diretamente com suas inquietações e aspirações mais íntimas.
A série de palestras o inspirou a buscar mais sobre a Nova Acrópole, uma escola de filosofia prática. Ao descobrir que existia uma unidade na Zona Oeste de São Paulo, decidiu que precisava conhecer o lugar pessoalmente. A escola, porém, estava em processo de mudança quando ele foi visitá-la pela primeira vez. Mesmo assim, Vinicius não desistiu e logo se inscreveu no curso de filosofia, sentindo que aquela oportunidade seria um divisor de águas em sua vida.
Desde a primeira aula, ficou claro que Nova Acrópole não era apenas uma escola de estudos teóricos. O foco estava em viver a filosofia de forma prática, cotidiana. Lá, Vinicius encontrou um grupo de pessoas que, assim como ele, buscavam algo a mais. Essas pessoas também queriam entender o propósito da vida e realizar o potencial humano, indo além das convenções e limitações impostas pela sociedade. O ambiente era de acolhimento e de troca genuína. Mais do que saber sobre o que os colegas faziam profissionalmente, Vinicius conhecia seus sonhos e suas buscas mais profundas. Ele percebia que, ali, as conversas giravam em torno de ideias elevadas e do desejo de contribuir com o mundo de forma significativa.
Ao longo de seu envolvimento com a escola, Vinicius começou a perceber o impacto real da filosofia em sua vida. Os professores, todos voluntários, não apenas ensinavam conceitos filosóficos, mas os viviam no dia a dia. O que mais impressionava Vinicius era ver como ensinamentos de Platão, por exemplo, podiam ser aplicados para enfrentar os desafios diários. A filosofia deixava de ser algo abstrato e distante e se tornava uma ferramenta prática para melhorar a vida pessoal e coletiva. Foi essa descoberta que fez Vinicius decidir se engajar mais ativamente na Nova Acrópole, tornando-se também um voluntário.
Uma das experiências mais marcantes para ele foi a oportunidade de participar dos Jogos Esportivos Filosóficos organizados pela Nova Acrópole. Esses jogos, que ocorrem em escala nacional, são muito mais do que competições. Vinicius, que sempre teve uma relação forte com o esporte, havia se afastado desse universo devido à toxicidade que observava em ambientes altamente competitivos. Para ele, as disputas muitas vezes acabavam gerando conflitos, com um foco exagerado em vencer a qualquer custo. Contudo, nos Jogos Filosóficos, ele descobriu uma nova forma de competir, onde o objetivo era superar a si mesmo, e não os outros. Aprendeu que a verdadeira vitória era aquela conquistada quando o melhor de cada um emergia, quando o lado humano e altruísta predominava sobre o egoísmo e o instinto.
Esse reencontro com o esporte trouxe um novo significado para a vida de Vinicius. Ele redescobriu a alegria do movimento e da prática física, mas agora sob uma perspectiva muito mais elevada e filosófica. A convivência com pessoas de várias partes do Brasil, que compartilhavam esse mesmo espírito de busca, o fez perceber que ele não estava sozinho em sua jornada. Todos ali tinham o mesmo objetivo: aprimorar-se como seres humanos e, por meio disso, contribuir para a transformação do mundo.
A dedicação de Vinicius à filosofia e ao voluntariado cresceu cada vez mais. Ao longo dos anos, ele se envolveu profundamente na organização das atividades da Nova Acrópole, atuando nas Relações Públicas e contribuindo na divulgação da escola. Além disso, tornou-se professor, compartilhando com novos alunos os mesmos ensinamentos que, anos antes, haviam transformado sua vida. As aulas que ele ministra, assim como as que recebeu, são um espaço onde o saber filosófico é aplicado de forma prática, sempre com o intuito de ajudar as pessoas a enfrentarem os desafios cotidianos com mais clareza e propósito.
A filosofia, para Vinicius, não é apenas um estudo teórico. É uma forma de vida que abrange todas as áreas, desde o trabalho até as relações pessoais e os hobbies. Ele percebeu que os ensinamentos filosóficos podem ser aplicados em qualquer contexto, e isso o motivou a seguir adiante, mesmo nos momentos de dificuldade. Hoje, seis anos após sua primeira aula, Vinicius continua com o mesmo entusiasmo de quando começou, acreditando firmemente que a filosofia tem o poder de transformar não apenas o indivíduo, mas também a sociedade como um todo.
O que começou como uma busca pessoal por respostas tornou-se uma missão de vida. Vinicius encontrou na Nova Acrópole não só o caminho para sua própria realização, mas também uma forma de contribuir ativamente para um mundo melhor. A filosofia lhe mostrou que, por meio do estudo e da vivência dos grandes ensinamentos da humanidade, é possível alcançar um estado de harmonia e generosidade que transcende as barreiras impostas pelo mundo moderno. Hoje, ele vive com o coração cheio, sabendo que está fazendo sua parte para criar um futuro mais justo e humano.