A elitização do futebol é um fenômeno que vem ocorrendo em muitos países, afetando a acessibilidade do esporte para pessoas de diferentes classes sociais. O futebol, que já foi um esporte popular e acessível a todos, está se tornando cada vez mais caro e exclusivo, o que pode levar a uma diminuição da diversidade e inclusão no esporte
Para José Florenzano, professor da PUC-SP, a elitização no Brasil se inicia em meados de 1995 com a batalha do Pacaembu (Que foi uma briga entre torcidas do São Paulo e Palmeiras, na final da Supercopa São Paulo de futebol júnior em 1995 que acabou resultando em 102 feridos e a morte de um jovem de dezesseis anos) “Utilizada como uma justificativa a substituição do público, a ideia de buscar um perfil de torcedor pacífico, ideia de trocar o torcedor pelo cliente.” e completa apontando a influência do modelo americano “A difusão de uma cultura global muito inspirada na cultura americana, ai a NBA desempenha um papel importante na ideia das arenas que não só são pensadas em ginásios para praticar o basquete e também arenas para o futebol, que eles chamam de soccer.”
Existem vários fatores que contribuem para a elitização do futebol. Um dos principais é o aumento do custo dos equipamentos e das taxas de participação. As equipes profissionais gastam milhões de dólares em jogadores, treinadores, instalações e equipamentos. Isso faz com que as taxas de participação em ligas locais e torneios subam drasticamente, tornando-se inacessíveis para muitas pessoas.
Além disso, a influência da mídia e dos patrocinadores também é um fator importante na elitização do futebol. As empresas como Adidas, Nike e Puma, que são empresas que fornecem os uniformes dos jogadores acabam criando roupas que se tornam de difícil acesso, como camisas com valores de R$300,00. Os jogadores por terem um salário alto acabam consumindo produtos considerados de grife como a Louis Vuitton, Gucci, Prada e isso acaba afastando os atletas dos torcedores, pois são poucos que tem acesso a essas marcas.
Fabio Martins, um torcedor e consumidor de futebol acredita que os altos preços acabam afastando o torcedor dessas grandes empresas: “Acredito que os altos preços dos produtos acabam afastando o torcedor de grandes marcas esportivas. Só analisar no caso das camisas dos times de futebol, o aumento do valor é enorme, fora da realidade financeira do fã esportivo que fica de mãos atadas. Muitos acabam tendo que aguardar uma promoção ou até optam pelas famosas 'primeiras linhas'”
Essa questão acaba afastando o torcedor também dos atletas que costumam torcer durante os jogos: “Só lembrar da Copa do Mundo, onde a seleção brasileira teve dois uniformes diferentes, modernos, bonitos, e acabaram com preços astronômicos. Ficamos longe tanto do atleta, como do material de fornecimento, fica difícil ter uma ligação próxima” Complementa Fábio Martins.
Atualmente também começou a surgir as plataformas de streaming no futebol e isso acaba “segregando” entre os torcedores, para você assistir todos os jogos do seu time é necessário desembolsar aproximadamente R$200,00 por mês para assinar os jogos durante o ano, infelizmente isso acaba dificultando ainda mais o torcedor de consumir o esporte, pois não consegue frequentar o estádio, não consegue assistir em casa e não consegue comprar produtos do clube, então com isso o torcedor acaba se afastando cada vez mais do clube de coração.
A cultura de idolatrar jogadores de futebol de sucesso também contribui para a elitização do esporte. Países como o Brasil, Argentina, Uruguai e entre outras nações da América do Sul oferecem
A elitização do futebol é preocupante, pois pode afetar a diversidade e a inclusão no esporte. Quando apenas as pessoas ricas ou mais talentosas têm acesso ao futebol, muitas outras perdem a oportunidade de experimentar os benefícios do esporte, como a promoção da saúde física e mental, a construção de habilidades sociais e a melhoria da autoestima.
Para se combater a elitização Florenzano diz: “O ponto de resistência era as torcidas organizadas, que tinham o compromisso de lutar pelo caráter popular do futebol, mas acho que no momento essa batalha está perdida, não significa que não se pode ter uma reação, fora a questão do retraimento da luta pelo ingresso popular levado a cabo pelas organizadas, iniciativas localizadas de uma gestão de um clube reservando uma quantia de ingressos com preço mais acessíveis, não muda excessivamente o caráter elitista de que se reveste hoje o espetáculo.
As empresas e patrocinadores também podem fazer a sua parte, apoiando iniciativas que promovam a inclusão no esporte e reduzam as barreiras financeiras para a participação. As equipes profissionais podem ser incentivadas a criar programas sociais para jovens e investir em academias de futebol em comunidades carentes.
A promoção da igualdade de gênero também é importante para combater a elitização do futebol. As mulheres muitas vezes enfrentam barreiras ainda maiores para o acesso ao esporte, incluindo a falta de recursos financeiros e a discriminação de gênero. As equipes de futebol femininas muitas vezes são subfinanciadas e enfrentam a falta de visibilidade na mídia, o que pode levar a uma diminuição do interesse das mulheres pelo esporte.
Outra questão importante é a segurança dos jogadores. Os esportes de contato, como o futebol, apresentam riscos para a saúde e segurança dos jogadores. No entanto, a falta de equipamentos adequados ou instalações esportivas seguras pode aumentar ainda mais esses riscos. É importante que sejam criados regulamentos e políticas de segurança adequados para garantir a proteção dos jogadores, independentemente de sua renda ou status socioeconômico.
É importante de diferentes classes sociais, raças e religiões. É importante que as equipes, ligas e organizações esportivas promovam uma cultura inclusiva e acolhedora para todos os jogadores e fãs de futebol.