Tanto dentro quanto fora das quatro linhas, atletas, comissões técnicas, torcedores e funcionários estão expostos a qualquer tipo de preconceito. Um que assombra o mundo do futebol há muito tempo é a homofobia. Na imagem acima, fãs de uma equipe francesa ironizaram a luta de milhares de pessoas que sofrem constantemente com piadas “inofensivas” como essa por apenas serem como são.
Esta é apenas uma das várias demonstrações públicas de homofobia no futebol que geram um resultado: jogadores gays temendo por sua carreira, reputação e saúde. Até hoje, dá para contar nos dedos quantos atletas homossexuais falaram abertamente sobre sua sexualidade. Entre os mais conhecidos, estão Justin Fashanu e Thomas Hitzlsperger, que tiveram passagens por clubes ingleses notórios. Justin foi o primeiro jogador a se assumir gay publicamente enquanto ainda atuava, o que infelizmente, custou parte de sua sanidade mental e causou seu suicídio em 1997. Thomas, por outro lado, esperou se aposentar para poder falar sobre o assunto. No entanto, ambos nunca foram tão famosos por seu futebol. O mundo esportivo carece de uma figura reconhecida que represente a causa e dê o exemplo para futuros atletas.
Em 2008, quando ainda jogava pelo Milan, Ronaldo Fenômeno se envolveu em um escândalo com 3 travestis. Após a repercussão negativa, o brasileiro concedeu uma entrevista ao Fantástico, programa da Rede Globo, dizendo que estava muito arrependido e reiterou que era heterossexual. Esse foi o maior caso de um atleta famoso envolvido com o tema. Depois desse ocorrido, houve apenas uma carta anônima de um jogador da Premier League onde contava que desde os seus 19 anos ele tem certeza de que é gay, mas que apenas sua família e alguns amigos próximos sabem disso. O futebolista ainda escreveu “Eu me sinto preso e meu medo é que divulgar a verdade sobre o que sou só vai piorar as coisas. Portanto, embora meu coração sempre me diga que preciso fazê-lo, minha cabeça sempre diz a mesma coisa: por que arriscar tudo?”
Essa é a principal dúvida da maioria dos jogadores gays, que acabam optando por esperar a aposentadoria para se assumir, como Thomas Hitzlsperger. O alemão, que jogou no Aston Villa, West Ham, Lazio, Wolfsburg e Everton, se assumiu gay em 2013 após “pendurar suas chuteiras” (termo utilizado no futebol para dizer que se aposentou). Em seu relato, disse que era muito difícil ter que se sentar com 20 caras numa mesa e ouvir piadas homofóbicas, entre outras coisas. Infelizmente, essa é a realidade desses profissionais, ouvir cantos, piadas e comentários preconceituosos em seu espaço de trabalho, e não conseguindo ou podendo fazer algo para mudar a situação por se sentirem impotentes perante à força que a homofobia ainda persiste em ter.