Como os candidatos de São Paulo pretendem diminuir a emissão de CO2?

As propostas vão de trocar a frota de transportes públicos a uso de energia eólica
por
Marcela Foresti e Paula Moraes
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08/12/2022

Uma das principais fontes de poluição na cidade de São Paulo hoje são os transportes coletivos, principalmente os ônibus. 
Neste segundo turno, disputam para o governo de São Paulo os candidatos Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ambos possuem no plano de governo ações para o meio ambiente, principalmente no combate à emissão de poluentes.

O projeto para cuidar e prevenir mais estragos às condições climáticas sempre esteve nos planos de governo de muitos políticos, mas nem todos conseguiram cumprir as medidas propostas.

A cada ano, novos métodos para diminuir a emissão dos gases de efeito estufa são criados pelos governos. 
Um exemplo é de 2019, onde o ex-governador de São Paulo João Dória criou o “Acordo Ambiental São Paulo”, para incentivar a redução na emissão de gases poluentes. 

A SPTrans, em outubro, emitiu um documento oficial que proíbe que os novos ônibus adicionados à frota sejam movidos a diesel. A prefeitura pretende com isso que até 2024, 20% da frota de ônibus da cidade seja de veículos elétricos.

Em 2021, o Centro Brasil no Clima liderou iniciativas para a criação do “Governadores pelo Clima”, da qual hoje fazem parte 25 governadores.

Para a diretora de políticas públicas da Fundação Mata Atlântica, Malu Ribeiro, o governador eleito em São Paulo tem a responsabilidade de dar continuidade aos compromissos do Estado firmados no pacto dos governadores pelo Clima.

Proposta de Fernando Haddad

O  petista tinha como proposta a substituição gradativa de veículos movidos a gasolina, por elétricos ou híbridos. A ideia de Haddad é substituir a frota de veículos do governo de São Paulo e dos prestadores de serviço ao Estado. Além de uma linha de crédito para o financiamento de compra de ônibus, vans e caminhões híbridos. A emissão de poluentes vinda de motos, carros e caminhões fora da frota oficial também será fiscalizada para que a emissão seja controlada.

Proposta Tarcísio de Freitas

O candidato do Republicanos também pretende em seu governo descarbonizar os transportes. Isso quer dizer que o plano de Freitas é reduzir dos transportes públicos e dos individuais a emissão de gás carbônico. Além disso, ele também pretende investir no uso de energias de matriz eólica e solar em prédios públicos e áreas do Estado. Dessa forma, Freitas pretende reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE).

Impacto das emissões

Segundo o relatório “Situação Global do Transporte e Mudança Climática Global”, elaborado na 24 Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 24), em 2018, 45% das emissões vêm de veículos de passeios.

Em seguida, vêm caminhões com 21%, navios e aviões com 11%, e ônibus e micro-ônibus com 5% das emissões. Os países incentivam os transportes individuais e aumentam cada vez mais as emissões de poluentes. No lugar deste incentivo o relatório da conferência sugere que os países incentivem o uso de transportes coletivos e que esses sejam adaptados para reduzir ainda mais o impacto no meio ambiente.

Para Ribeiro, o que coloca o Brasil em posição crítica quando o assunto é emissão de gases de efeito estufa é o desmatamento, em primeiro lugar. O desmatamento hoje, segundo ela, corresponde a 10,2 milhões de toneladas de CO2 equivalentes (medida usada para calcular a emissão de gases de efeito estufa). Ribeiro explica que, quando se trata de transportes, a única medida é a troca dos combustíveis fósseis por renováveis. “O ideal é que o Brasil adote frotas com combustível renovável, como veículos elétricos, etanol e biocombustível”, diz a diretora.

O impacto ambiental

Como explica Maurício Losada, urbanista e gestor de Trânsito, o uso de veículos elétricos traz vantagens para as emissões, mas também traz complexidades logísticas para recarregá-los. Alguns exemplos dessa complexidade são a falta de lugares para recarregar a bateria dos veículos elétricos, já que as rotas feitas para entregas, por exemplo, não são fixas.  O que está sendo estudado é o uso desses veículos para rotas fixas, menores e urbanas e assim há mais chances de postos de recargas.

Além disso, ele aponta que o uso de veículos elétricos nas cidades é vantajoso para a diminuição das emissões de gases. “Os problemas de poluição atmosférica são mais sentidos nas aglomerações urbanas. Se os deslocamentos são feitos com veículos elétricos se torna um ganho para todo mundo”.

Porém ele pontua que a pegada de carbono nos carros elétricos é alta, uma vez que a produção dele e o descarte causam grandes emissões de carbono. “Para você produzir as baterias e outros componentes do veículo, emite-se carbono na mineração dos metais para as baterias e no descarte delas também.”

Losada diz que há pesquisas recentes que mostram que o veículo com menor pegada de carbono hoje é o movido a etanol brasileiro. Ele ainda explica que, por mais que os veículos movidos a etanol tenham uma taxa de emissão de gases maior que os veículos elétricos, ainda sim tem taxas menores que os movidos a diesel e se torna mais vantajoso.
 

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