Como é um encontro de budistas da Soka Gakkai

Acompanhamos uma religiosa em um dos compromissos que ela tem na associação
por
Marina Gonçalez de Figueiredo
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18/11/2024

Por Marina Gonçalez

 

Ela é a apresentadora da noite. Nesse grande encontro, que acontece no bairro da Penha, Zona Leste de São Paulo, e que reúne algumas sedes regionais da associação Brasil Soka Gakkai Internacional (BSGI), com mais de 200 pessoas presentes, Bárbara é a responsável por guiar cada apresentação, depoimento e homenagem. O encontro é numa grande casa, espaço oficial da sede de Cangaíba, da qual Bárbara faz parte, e de mais três sedes, que, juntas, formam a subcoordenadoria Penha-Ermelino, dentro da coordenadoria do município de São Paulo. Ao contrário do que o senso comum imagina sobre o budismo, a linha que a Soka Gakkai segue não tem templos nem monges, porque não há hierarquia dentro da religião.

Bárbara se tornou budista há 9 anos, aos 25 anos de idade, quando passava por problemas nas suas vidas pessoal, acadêmica e profissional. Ela buscou coragem e sabedoria na religião, e acabou também se encontrando com muita positividade, tanto em si mesma quanto nos outros. O budismo da Soka Gakkai, baseado nos ensinamentos de Nichiren Daishonin, promove que a transformação é coletiva, e todos os membros da associação agem em prol do bem comum.

Mesmo sem monges, a Soka Gakkai tem mestres, e um deles foi o homenageado da noite. Daisaku Ikeda era o grande mestre da Sokka Gakkai Internacional (SGI), e foi ele quem a trouxe para o Brasil e a levou para o resto do mundo. Sua morte completou um ano, e foi lembrada no encontro logo no seu começo, com um vídeo narrando os feitos do mestre Ikeda (ou Ikeda sensei, como é carinhosamente chamado pelos membros). Também havia uma grande foto sua no canto direito do palco.

Antes do encontro realmente começar, houve um dos momentos mais importantes da noite: a oração. Ela é longa, e feita toda em japonês, então a maior parte das pessoas tem em mãos ela escrita. O mantra, que é repetido diversas vezes por todos, e ao redor de qual todo o budismo de Daishonin gira, é o Nam-myoho-renge-kyo. Myoho é a Lei Mística revelada no Sutra do Lótus; renge, a metáfora da flor de lótus, que diz sobre a causa e o efeito; kyo é o ensinamento de Buda; e nam é a referência, sendo tudo a devoção às leis da natureza. Foi a partir daí que o encontro realmente começou, e Bárbara tomou seu posto como apresentadora.

Não é de se surpreender que ela tenha sido escolhida para esse cargo, afinal, ela tem um carisma nato. Ela guia o encontro com muita alegria e entusiasmo, que combina com o espírito caloroso que os membros da BSGI dão à associação, o que é provado logo em seguida com uma apresentação de dança tradicional japonesa, que é performada por pessoas de todas as idades, de crianças a idosos. Bárbara diz que se sentiu mais forte desde a primeira vez que repetiu o mantra, e foi por causa dele que ela se sentiu ligada ao budismo ao ponto de se dedicar a ele até hoje.

A BSGI promove muita cultura entre os seus membros, e Bárbara também participa disso, tocando trompete na banda feminina da Zona Leste, chamada Asas da Paz Kotekitai do Brasil. A banda foi criada pelo mestre Ikeda, e está presente nos diversos países onde ele disseminou a SGI. Grupos como a banda feminina também servem como um estudo constante do budismo, e uma forma de se conectar espiritualmente com o seu falecido mestre.  Dessa vez, a banda não tocou, e Bárbara foi apenas a apresentadora, mas o encontro contou com mais performances culturais, como uma apresentação de dança tradicional japonesa, com pessoas de todas as idades, desde crianças até idosos, logo no começo, e um coral, composto pelos mais velhos, para encerrar a noite.

Assim como Bárbara, muitos dos membros se converteram depois de mais velhos ou ainda estão em processo de se conversão, e um dos momentos do encontro foi dedicado a certificar aqueles que se tornaram budistas e entraram para a associação recentemente. Cada um que subia ao palco recebia, de fato, um certificado por se juntar à BSGI, e era calorosamente aplaudido pelo público, em mais uma demonstração do espírito coletivista do budismo de Daishonin.

A noite também contou com testemunhos, inclusive o de Bárbara. Membros da associação de todas as idades contaram suas histórias dentro do budismo: alguns tendo nascido com a família já na religião, e outros se converteram já quando mais velhos. Todos os relatos contavam sobre o impacto positivo que o budismo tina na vida deles, não só como religião, mas também como filosofia de vida, e, claro, também sobre a importância da coletividade no praticar dessa religião e filosofia.

Além de ser a apresentadora do encontro e tocar no coral da associação, Bárbara também tem cargos de liderança dentro da sua sede: ela é líder da Divisão dos Jovens, que inclui pessoas dos 16 até os 35 anos, e da Divisão dos Universitários. Mesmo assim, ela não está numa hierarquia superior aos outros membros da associação, nem tem nenhum tipo de retorno financeiro com os cargos, mas ama trabalhar neles mesmo assim porque, através deles, ela se aproxima mais de outros membros da associação, os ajuda com as suas dificuldades, e estuda mais sobre os ensinamentos de Daishonin, da maneira como o mestre Ikeda instruiu.

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