Por Felipe Volpi Botter
Passando pelos corredores da PUC-SP é possível ver centenas ou até milhares de pessoas, pois cerca de 15 mil delas passa pela Universidade todos os dias, em sua maioria sendo alunos, que trabalham antes ou após sua aula, tendo que muitas vezes, comer na PUC ou ao redor dela em pequenos ou grande comércios. Conhecido como o "Tio do Milho", João e Gustavo, com seus aventais verdes, calças jeans e muita simpatia, cobram R$ 10 por uma porção com sal e manteiga. Ao preparar o milho, João mostra sua habilidade e experiência, cortando a casca de forma rápida e simétrica, milho após milho, antes de colocá-lo para ferver. Depois disso ele ainda fatia os grãos perfeitamente no pote, até lotar. Ele enfrenta, diariamente, o trânsito caótico do bairro de Perdizes desde quando tinha 14 anos. Ele se soma aos diversos ambulantes e comerciantes que vivem do movimento da PUC-SP durante o período letivo.
Trabalha das 09h00min até as 23h00min enfrentando sol ardente ou um frio feroz durante suas 14 horas de trabalho. Ao longo de sua vida João já vendeu diversas outras coisas como geladinho e laranja também em outros lugares da cidade. Se aventurava vender no Brás nos períodos de férias da Universidade, mas agora tem voltado seu foco para a PUC-SP. Comprando diretamente do CEASA, ele consegue fornecer uma ótima porção para os estudantes e pessoas que vivem nos arredores por um ótimo preço há anos.
Assim como Leandro, "Tio do Açaí", que nos últimos 7 anos, posiciona seu carrinho à direita do "Tio do Milho", veste seu avental branco e enfrenta a concorrência das cantinas de dentro da Universidade na venda. Ao ser demitido do emprego que tinha e por morar perto da PUC-SP ele fez a análise e percebeu que não havia nenhum vendedor de açaí fora da PUC-SP. Com coragem ele comprou o carrinho e se aventura até hoje perto das escadarias da caótica calçada da universidade. Com contrato fechado com uma distribuidora, Leandro vende açaí para diversos alunos e moradores. Morando com os pais ele consegue garantir sua renda com as vendas. As atividades comerciais são variadas.
A famosa Betty do food truck, é mais uma comerciante a enfrentar o cenário de luta nas vendas. Uma senhora simpática que está sempre na Ministro Godói, um pouco mais a direita de Leandro, com sua toca de renda na cabeça e uma camisa vermelha vendendo das 09h00min até a meia noite. Ela prepara hambúgueres, e de uma forma intrigante, ela consegue coordenar todos os passos do preparo perfeitamente, praticamente de olhos fechados. Ela é dona de talvez a mais conhecida comida de rua da PUC. O trailer da Betty vai além dos arredores da universidade. Ela participa de vendas em jogos universitários como o JUCA e outros. No JUCA, Betty e seu pessoal armaram uma tenda de vendas no alojamento da PUC, o cheiro cativante e as comidas deliciosas salvaram a alimentação de muitos dos jovens que vivem diversas dificuldades nos jogos.
Edvaldo se situa ao lado de João e Gustavo, com suas vestimentas casuais, vende batata chips, pipoca salgada e doce na rua Ministro Godói, ele pratica as vendas desde 2006 quando assumiu o carrinho que antes era de seu irmão. Edvaldo é um homem vivido, nascido na Paraíba, morou em Curitiba trabalhando com confecções, e veio para São Paulo por conta do irmão já residir na cidade. Ele trabalha das 09h00min até 22h00min e ao chegar próximo do carrinho já é possível sentir o aroma de pipoca, um verdadeiro cartão de visitas para toda a clientela.
Ainda na Ministro Godoy, indo um pouco mais a esquerda dos demais comerciantes, seu Antônio Pereira é dono da outra banca de jornal em frente ao ponto de táxi há 15 anos. Saiu do emprego onde trabalhava e não se arrepende. Consegue tiriar o sustento de sua casa com suas vendas na banca. Ele enfrenta o cenário do abandono dos jornais, revistas e todos os produtos de leitura no geral. Suas vendas não estão no mais alto nível, elas têm se baseado em produtos de tabacaria como piteira, filtro, tabaco e seda.