O câncer de colo de útero, também conhecido como câncer cervical (CC), é a terceira neoplasia que mais afeta mulheres no Brasil. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimam mais de 17 mil diagnósticos em 2023, o que representa um risco de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres.
A região norte do país é a que mais apresenta diagnósticos da doença, registrando 20,48 casos a cada 100 mil mulheres. A região nordeste vem logo em seguida com 17,59 casos a cada 100 mil mulheres. O fator de risco mais importante para o CC é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), que causa 99,7% dos cânceres cervicais.
A médica oncologista Michelle Samora conta que 80% das pessoas no mundo vão ter contato com o HPV ao longo da vida e em 70% das vezes isso acontece na primeira relação sexual. “É muito importante que a gente desmistifique a presença do HPV entre os adolescentes e os adultos, isso é muito comum e precisamos nos precaver.”, alerta.
No mês de março chegou ao Brasil a Gardasil 9, vacina nonavalente, de segunda geração, contra o HPV, que além de proteger contra os 4 tipos de HPVs de alto risco mais comuns (6, 11, 16 e 18), protege também contra mais cinco tipos (31, 33, 45, 52, 58), não cobertos pelas vacinas bivalentes ou quadrivalentes.
Segundo a doutora Michelle, hoje no Brasil temos em torno de 30% de cobertura vacinal na população alvo, que são os meninos e meninas de 9 a 14 anos. “Esse número de vacinados precisa aumentar. A vacina disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), é a vacina quadrivalente e no meio privado temos a nonavalente contra principalmente os tipos de HPV 16 e o 18, que são os mais comuns na população brasileira e que estão diretamente relacionados ao câncer.”
Em nota, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), ressalta a importância do trabalho em conjunto para aumentar o número de vacinados contra o HPV. “A disponibilidade de uma vacina HPV mais abrangente, incluindo um maior número de tipos oncogênicos, é uma excelente notícia do ponto de vista individual. Em termos de saúde pública, entretanto, é fundamental o esforço conjunto do Ministério da Saúde, das sociedades médicas e da sociedade civil organizada para aumentar as coberturas vacinais da vacina HPV4, disponibilizada no Brasil para pessoas de 9 a 14 anos de idade e indivíduos de outras faixas etárias com algumas comorbidades. A vacinação é um dos três pilares da estratégia proposta para a eliminação do câncer de colo de útero e a SBIm atuará de maneira incansável, para que as futuras gerações vivam livre dessa neoplasia que ceifa a vida de uma mulher a cada dois minutos!”
Entre 2013 e 2021, segundo o Plano Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, a meta mínima de vacinação de 80% do público-alvo vacinado com as duas doses no Brasil não foi alcançada. Atualmente a expectativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), é que até 2030 a imunização do público-alvo contra o HPV seja de 90% e 70% das mulheres realizando o exame de Papanicolau.