Botecos animam as noites das sextas-feiras

As noites badaladas de sexta-feira são, em sua maioria, comemoradas nos bares paulistanos.
por
Gustavo Romero
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30/09/2024

Por Gustavo Romero

 

Sexta-Feira, 17h00min. Já é possível ver os funcionários do bar arrumando as cadeiras, limpando as mesas e trazendo o estoque de cerveja para gelar. Todos sabem que o expediente da maioria das pessoas está se encerrando, mas o daqueles garçons, barmans e chapeiros está só começando. O dono do estabelecimento já está presente também, preparado para fazer amizades com os clientes, afinal cliente bom é cliente fiel. Os amigos estão mandando a famosa mensagem “Onde é hoje?” e no final vai ser no mesmo bar de sempre e no mesmo horário.

São 18h00min e osamigos” do trabalho chamam até o mais chato para tomar uma no Happy Hour da empresa. Ninguém ali se gosta, mas para começar a vida noturna de sexta, eles se aturam para pegar aquele chopp em dobro com porção de batatas fritas. Entre falar mal do chefe e contar as fofocas da semana, chega a conta e depois daí é cada um por si e ninguém se fala até o final de semana acabar. Um alívio para quem ficou cinco dias trancado num escritório, congelando no ar-condicionado e não pegou nem 10 minutos de sol.

Finalizando o momento do Happy Hour, já pelas 19h00min, outro "grupo de sempre", se reúne no mesmo bar de sempre, para pedir a mesma porção de sempre e falar mal das mesmas pessoas, como sempre. Amizade é isso. O bar “Meio a Meio” é o lugar perfeito para aquele grupo que se vê uma vez por semana, ainda mais por conhecer o dono, Plínio, que sempre pega uma cadeira e senta na mesma mesa para fortalecer o vínculo de dono do bar e freguês.

 

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Foto tirada do bar "Meio a Meio". 

                                                                                   

O garçom pergunta “O de sempre?” que recebe a resposta “Claro, já conhece bem a gente.” e lá vem ele com um balde de Heineken avisando que logo logo a comida vem. Plínio conta que seu bar é conhecido pelo cupim na telha e diz que não existe nenhum outro igual. O momento esperado chegou, o prato que vem com várias Comidas de Buteco, e entre cada gole de cerveja, os amigos aproveitam  um bom frango à passarinho, uma calabresa fatiada e um torresmo, afinal de contas, o grupo de pagode se apresenta às 21h00min no bar.

Neste momento até a conversa fica pra depois, o foco vai para o o palito de dente que vai fisgar aquela fatia, levemente apimentada, e levá-la até a boca, ajudando a não sujar as mão de gordura. O cheiro de fritura no ar e o barulho de várias conversas ao mesmo tempo faz com que essa experiência se torne ainda mais saborosa, tudo isso com um jogo de série B passando na televisão. E o pagode está perto de começar.

Plínio conta que é super fã de pagode e conhece o grupo que toca em seu bar há anos e garante que quem estiver presente, vai tomar uma cervejinha e dançar porque os caras são bons. E enquanto a música ao vivo não começa, aquele grupo de amigos se diverte comendo e bebendo. Até que chega a hora de colocar o papo em dia com o grande amigo, Plínio, que por coincidência é o dono do bar e consegue algumas “saideiras” para eles de graça. A conversa rola solta quando chega o famoso cupim na telha junto com uma porção de mandioca para fazer a alegria da sexta-feira.

cupim
Cupim na telha, tradicionalmente servido no bar "Meio a Meio".

Conversa vai, conversa vem, Plínio afirma que sabe com quem ele pode se abrir ou não, até porque comandar o bar às sextas-feiras a noite não é para qualquer um. Por isso ele agrada seus amigos, ou como ele preferiu chamar, colegas cofrinhos, porque depois de 2 minutos de conversa eles já se sentem à vontade e gastam mais semana pós semana. Ele garante que não é interesse e sim negócios. Conta que o bar é um momento de felicidade, mas também de desabafo e tristeza pós descobrir uma traição, por exemplo, já que teve que acudir muitos frequentadores nessa situação. E tudo isso se aflora quando aquele pagode romântico começa.

Plínio gosta desse momento, porque é a hora que vendem mais bebidas para esquecer o/a ex. Por conhecer bem o grupo, ele já separa as músicas que ninguém resiste pra lotar os cofres do bar. Mas uma hora o show acaba e o lugar não pode ficar silencioso, por isso ele coloca um rock nacional de fundo, por volta da 00h30min e a galera começa a ficar cansada para ir embora. Plínio conta que ajuda a fechar as contas, porque parece que todo mundo vai no mesmo carro por aplicativo. Mas aquele grupo está lá, mais animado do que nunca.

Os funcionários começam a empilhar as cadeiras, fechar a cozinha, limpar o chão, tudo para ver se eles os últimos clientes do bar vão embora. Mas chega uma hora que uma frase derivada da “Onde é hoje?” é dita por todos ali, “Onde é o after?” e lá vai o grupo de amigos em busca da mesma aventura de todas as sextas anteriores, enquanto Plínio fica feliz porque não vai precisar ver esse grupo por mais uma semana. 
 

 

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