Quando as palavras “investimento” e “futebol” estão juntas, logo se imagina contratações milionárias de jogadores, aquisição de um novo técnico ou coisas do âmbito futebolístico, mas o cenário tem mudado.
Clubes como Manchester United, da Inglaterra; Benfica, de Portugal; ou Ajax, da Holanda; são exemplos de equipes que listadas nas bolsas de valores.
Entre os grandes clubes da Europa, o Manchester United (MANU) é o que tem o maior valor cotado por ação. Cada papel está valendo cerca de US$ 14,50 na NYSE (The New York Stock Exchange). Logo atrás dele vem um dos maiores clubes da Holanda, o AFC Ajax (AJAX), com ações cotadas em 13,10 euros, negociadas na bolsa de Amsterdam.
Em terceiro, está o gigante português SL Benfica (SLBEN). Os papéis do clube de Lisboa estão cotados em 3,80 euros na bolsa portuguesa, a Euronext Lisboa.
E uma boa notícia para os boleiros investidores é que as vitórias, derrotas e contratações de cada um parecem ter impacto direto na oscilação de preço das ações.
Em 2019, o Ajax, chegou à semifinal eliminando gigantes como Real Madrid e Juventus, na maior competição interclubes do mundo, a Champions League. Ao eliminar a equipe de Madrid, os holandeses viram uma valorização de 60% em suas ações. Porém, após a melancólica eliminação na semifinal, contra o Tottenham da Inglaterra, as ações desabaram mais de 20%.
Já em agosto de 2021, o craque português Cristiano Ronaldo voltou ao Manchester United, após 12 anos de muitas conquistas, dentre elas 4 bolas de ouro (prêmio concedido ao melhor jogador do mundo no ano). Desde o início dos rumores da aquisição até a estreia oficial, os papéis dos chamados Red Devils subiram 30%.
Investimentos em times brasileiros
O Brasil ainda está um pouco distante de ter times listados na Bolsa. Porém, com a aprovação da Lei 14.193 de 2021, que autoriza os clubes a se tornarem SAFs (Sociedade Anônima de Futebol), essa realidade ficou mais próxima.
Em resumo, a lei determina que os clubes podem se tornar empresas, assim tendo a possibilidade de abrir seu capital para investidores externos.
Segundo Tullo Cavallazzi Filho, advogado especializado em direito desportivo e ex-presidente da Comissão Nacional de Direito Desportivo da OAB, .
“A SAF refundou a estrutura dos clubes, permitindo a reestruturação de dívidas históricas, criando um ambiente tributário mais favorável, mas acima de tudo, estendeu aos clubes as normas de governança e possibilidades de investimentos”
“A SAF refundou a estrutura dos clubes, permitindo a reestruturação de dívidas históricas, criando um ambiente tributário mais favorável, mas acima de tudo, estendeu aos clubes as normas de governança e possibilidades de investimentos”, diz Cavallazzi.
Segundo um levantamento feito pelo escritório Cavallazzi, Andrey Restanho e Araujo Advocacial, 20 clubes estão em processo de estudo em seus órgãos deliberativos internos e 27 clubes já constituíram suas SAF, dentre eles Botafogo e Cruzeiro.
Para Cavallazzi o principal desafio é a cultura implantada nos clubes contra a gestão empresarial. “Há o receio e a interpretação que o modelo retira dos associados a ‘propriedade’ sobre o clube”, aponta o advogado.
A partir do momento que um clube se torna empresa, ele já está elegível para participar da Bolsa.