A antiquada existência da homofobia no esporte

Em pleno ano de 2021, gritos e expressões homofóbicas ainda são proferidos para atletas e torcidas ao redor do mundo, onde a normalização da situação é muito presente.
por
Victor Franco Fardin
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30/03/2021

              Em algum momento em uma partida de futebol, o time A está no ataque, tenta uma finalização, mas a bola sai para fora pela linha de fundo. Enquanto o goleiro do time B parte para efetuar o tiro de meta, um bom número de torcedores começa a se preparar. Com o chute do jogador, o grito vem. “Ôôôôô, Bicha!”. Uma expressão completamente homofóbica e preconceituosa, mas que ainda é falada em muitos estádios do Brasil, e até fora do país.

                    Ao menos, desde 2019, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva determinou que atitudes preconceituosas, como o grito de “bicha” no tiro de meta, serão passíveis de punição, que pode chegar até na perca de 3 pontos na disputa do Campeonato Brasileiro. Essa decisão foi tomada muito por conta de uma pressão da FIFA em cima da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que foi multada em cinco oportunidades como consequência de atos homofóbicos feitos pela torcida em jogos da seleção brasileira.

          Contudo, não é apenas no futebol que dizeres preconceituosos ainda são manifestados, podendo vir dos próprios atletas sobre os seus companheiros de profissão. A saltadora Yelena Isinbayeva, referência na categoria e dona de duas medalhas de ouro olímpica, declarou durante a realização do Mundial de Atletismo em 2013, disputado em Moscou, na sua terra natal, que era contra os competidores que pintaram as suas unhas em apoio ao movimento LGBT. “Nós apenas vivemos com homens ao lado de mulheres, e mulheres ao lado de homens. Tudo deve estar bem. Isso vem da história. É desrespeitoso com o nosso país. É desrespeitoso com nossos cidadãos porque somos russos”. Na época, muitos esportistas consideraram boicotar os Jogos Olímpicos do ano seguinte, que aconteceria em Sochi, na Rússia, pois o país proíbe propaganda homossexual para menores de idade, lei essa que já foi condenada pela Corte Europeia. Por sinal, Isinbayeva pode atuar normalmente no torneio mundial, onde inclusive foi campeã pela 3ª vez.

             Outro caso conhecido é o do boxeador e político Manny Pacquiao que, em uma declaração para a TV5, emissora francesa presente em vários países ao redor do mundo, disse que “casais gays são piores que animais”. A fala foi alvo de críticas por diversas personalidades, sendo uma delas a hoje ex-lutadora do UFC Ronda Rousey. “Eu entendo que muita gente usa religião como razão para ser contra pessoas gays, mas não houve um "Tu não serás gay". Deus nunca disse isso, e acho que o Papa que temos agora é o cara. Ele disse outro dia que a religião deveria ser abrangente e significa amar a todos. Acho que as pessoas levam a mensagem errada às vezes”. Apesar de ter o seu contrato com a Nike rescindido, Pacquiao conseguiu ser eleito senador nas Filipinas, seu país natal, onde usou ações e tomou atitudes homofóbicas em sua campanha, já que quis conquistar a parte mais conservadora e radicalmente cristã do país.

O filipino Manny Pacquiao atuando como senador em seu país (Foto: Phil Star)
O filipino Manny Pacquiao atuando como senador em seu país (Foto: Phil Star)

 

                  Recentemente, em várias partes do mundo, clubes e federações têm criado campanhas que incentivam o movimento LGBT, principalmente no futebol, onde a homofobia ainda está muito presente. A Premier League, principal competição nacional entre clubes do mundo, se destaca nesse quesito, promovendo a bandeira arco-íris, símbolo do movimento, nas braçadeiras de capitão dos jogadores, em seus patrocinadores, na torcida, nos escudos dos clubes, etc. No Brasil, os times brasileiros estão começando a se mostrar presentes nessa causa, publicando em suas redes sociais mensagens conscientizando suas respectivas torcidas nas datas que representam o Dia Internacional de Luta Contra a LGBTfobia (17 de maio) e o Dia do Orgulho LGBT (28 de junho). Afinal, o mínimo que eles devem fazer é se comunicar com seus adeptos de forma igualitária, além de pressionar as federações para punir de verdade aqueles que persistem ser homofóbicos em pleno século 21.

 

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