Tarcísio deve contar com apoio de ampla base na Assembleia Legislativa

Após ganhar as eleições para governador, Tarcísio governará com maior auxílio da Assembleia Legislativa
por
Gabriel Dutra, Laura Mello e Tomás Furtado
|
08/12/2022

Com o resultado da eleição para governadores, o candidato Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) se encontra em uma situação favorável, tendo o apoio dos partidos que constituem a maioridade dos assentos na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Alesp. Isso facilita o processo de aprovação de seus projetos de lei, que, se seguirem os planos de governo apresentados na eleição, serão voltados para o desenvolvimento, desburocratização e recuperação do mercado de trabalho, assim como o setor agro e industrial paulistano. 

O ex-ministro da infraestrutura do Presidente Jair Bolsonaro deve assumir o governo com o apoio de pelo menos 52 dos 94 deputados estaduais eleitos para um mandato de quatro anos. Esse número representa 55,3% dos representantes da Assembleia. Já Fernando Haddad (PT) teria, caso fosse eleito o governador do Estado, o apoio de apenas 30 deputados, equivalente a 32% da Assembleia.

A Alesp é o órgão do Poder Legislativo que propõe, elabora e aprova as leis relacionadas ao Estado de São Paulo, sem entrar em conflito com as normas federais ou municipais. Com o apoio majoritário, a governabilidade do Poder Executivo no Estado é facilitada, fazendo projetos de lei serem aprovados mais rapidamente.
No total, cerca de 40% dos assentos na Alesp pertencem a novos candidatos, enquanto 60% são de candidatos reeleitos.

Avaliação da mudança de assentos

Apesar de Tarcísio ter dado um fim ao domínio tucano no Estado de São Paulo, o partido declarou apoio ao carioca no segundo turno. "Pela ampla maioria, decidimos nesse momento declarar nosso apoio ao governo do Estado no Tarcísio.", anunciou Fernando Alfredo, presidente do PSDB, cinco dias antes do segundo turno das eleições.

No entanto, o partido foi perdendo assentos na Alesp, quando caiu de 19 para 8 deputados estaduais a partir do resultado das eleições de 2018. Após as eleições de 2022, a representação do PSDB vai ser composta por 9 deputados, a terceira maior da Casa. 

O principal bloco apoiador do futuro governador vem do partido de Bolsonaro, o PL, que expandiu sua bancada para 2023 de seis para 19 representantes, o partido com a maior bancada da Alesp. Em segundo lugar se encontra o PT que deve atuar como oposição a Tarcísio de Freitas na assembleia.

Além de PSDB e PL, Tarcísio recebeu abertamente mensagens de apoio de líderes de mais sete partidos no segundo turno das eleições. Eles são: União Brasil (8); PSD (4); Podemos (4); MDB (4); PP (3); e PSC (2).  João Paulo Cândia, professor do departamento de ciência política da Universidade de São Paulo, acredita que em troca desse apoio, membros desses partidos considerados de "menor influência" sejam recompensados com posições nas secretarias que integram o governo do Estado de São Paulo. 

Planos de ação

Como elaborado em seu plano de governo, a administração de Tarcísio é elaborada em três eixos: desenvolvimento social, desenvolvimento urbano/meio ambiente e desenvolvimento econômico/inovação. O apoio dos partidos: PSDB, PL e União Brasil são de grande auxílio para Tarcísio durante o processo de aprovação de leis. 

Ao consolidar esse bloco, será possível usar esse arco de forças ao redor de todo o seu governo, distribuindo secretários em razão dos partidos representados na assembleia legislativa. O professor de ciência política na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Alvaro de Azevedo, afirma que este bloco possui “uma força política importante” quando unido.

Resta saber qual será o impacto da mudança do PSDB para o Republicanos no Estado de São Paulo. O cientista político e professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas, Marco Antônio Teixeira, disse em entrevista à rádio CBN que acredita que haverá poucas mudanças na composição governamental. “O que se espera é que Tarcísio, neste momento, abra a formação de seu governo aos partidos que fizeram parte dessa aliança”, afirmou.

A elaboração do gabinete de transição de Tarcísio continua em andamento, incluindo Renato Feder para secretário da pasta de educação, reconhecido pela sua ampliação de escolas cívico-militares no Estado do Paraná, onde também atuou como secretário da educação, e mais recentemente, no dia 28, selecionou Eleuses Paiva, presidente da associação médica Brasileira entre 1999 até 2005 e ligado ao PSD, partido de Gilberto Kassab como secretária de saúde.

Consequências das eleições presidenciais no cenário estadual

Outro fator que está sendo estudado é o impacto da vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022. Como nota Álvaro de Azevedo, muitos que se diziam fazer parte do agrupamento da bancada de Bolsonaro, menos radicalizada, estariam dispostos a oferecer maiores concessões com a oposição. 

Em entrevista ao canal de Youtube “Jornal Meteoro", o senador eleito Flávio Dino (PSB) comenta que apenas um pequeno percentual do grupo que votou para Bolsonaro nas eleições é realmente tão radical, a grande parte, disposta a mudar de filiação nos próximos quatro anos. 

Tarcísio de Freitas afirmou que irá atuar em cooperação com o governo federal para o desenvolvimento do país.  Comportamento que não é necessariamente adotado por todos os seus apoiadores e pode gerar fricções com representantes mais ligados a essa onda mais radical do Bolsonarismo.

Em entrevista para o site Diário do litoral no dia 22 de Novembro, a deputada Marina Helou e única representante do partido Rede Sustentabilidade ressaltou a importância do processo de negociação entre partidos para a passagem de lei. Além disso, afirmou que não queria ser marcada apenas como oposição ao governo de Tarcísio.

Tendo aprovado cinco projetos de lei em um mandato de quatro anos, a deputada reeleita diz que não deixará de trabalhar dialogando com todas as bancadas da Alesp. “É legítimo que a gente pense diferente, mas na política deveria encontrar as diferenças e negociar para construir soluções”.

Tags:

Cidades

path
cidades