O empoderamento periférico tem se mostrado uma ferramenta poderosa na promoção da ascensão social e econômica dos jovens que residem em áreas marginalizadas ou periféricas das grandes metrópoles. Essa abordagem busca não apenas oferecer oportunidades satisfatórias, mas também empoderar os jovens a se tornarem agentes de mudança em suas próprias comunidades, rompendo com ciclos de desigualdade e exclusão.
A música tem o poder de unir culturas, expressar emoções profundas e transmitir mensagens que ecoam nos corações e mentes das pessoas e se revela como uma ferramenta poderosa para inspirar, capacitar e fortalecer os jovens a ascender social e economicamente, rompendo barreiras e desenvolvendo suas realidades. Basta observar vários exemplos de artistas que emergiram para se tornarem ícones globais. De favelas do Brasil a bairros urbanos desfavorecidos nos Estados Unidos, a música permitiu que jovens talentosos superassem as adversidades e construíssem carreiras de sucesso.
Jovens como Tasha e Tracie, Kyan, MC Hariel, e Veigh cantam sobre suas vivências nas favelas de São Paulo. Juntos, arrastam multidões de adolescentes e jovens adultos para os seus shows e acumulam ouvintes nas plataformas de música.
“O rap e o hip-hop salvaram minha vida”, diz a estudante e produtora cultural de 21 anos Thainara Sabrine. “Só Deus sabe onde eu estaria se eu não tivesse começado a colar nas batalhas de rima e começar a me envolver com o pessoal do rap. Hoje tenho a sorte de trabalhar com produção cultural e participar de shows com pessoas que mudaram minha vida e me ajudaram a me empoderar enquanto uma mulher negra”.
Thainara ainda afirma que a juventude tem como referência os novos artistas que as músicas precisam passar uma visão que vai além da famosa ostentação e da luxúria. O que de fato vem acontecendo, os jovens periféricos não querem apenas ascender socialmente para luxar, querem mudar a realidade de suas famílias e comunidades.
“Primeiro arroz no prato, depois prata no peito”, diz a música ‘O preço’ do MC Hariel com o MC Ryan e o MC Paiva. “Essa é minha música favorita porque fala sobre como podemos e devemos sonhar, mas sem nunca esquecer de onde viemos e quem nos fortaleceu”, completa a estudante.
Esses artistas não apenas oferecem entretenimento, mas também servem como modelos inspiradores para os jovens, incentivando-os a abraçar suas identidades, se envolverem com as questões do mundo e explorarem seu potencial criativo. À medida que continuam a ganhar visibilidade,
Guilherme Mendonça, de 16 anos, diz que o seu sonho é ser cantor de Trap, uma variante do rap convencional, que ganhou popularidade significativa ao longo dos últimos anos tanto na cena musical mainstream quanto na cultura jovem. O Trap aborda temas como vida nas ruas, criminalidade, luxo, festas e outras experiências associadas à cultura das áreas urbanas.
“Vê pessoas com realidades parecidas com a minha, me despertou essa vontade, quero que as pessoas vejam que também sou capaz de crescer na vida falando sobre o que eu vivo na favela”, afirma o adolescente.
“Eles temem a todo custo, um quebrada inteligente”, diz a faixa que leva o nome do EP do Kyan com o DJ Mu540, álbum que mistura o Trap com o funk. “Gosto dessa música porque a letra retrata bem a realidade que vivemos, a partir do momento que tomamos consciência do poder favelado, viramos o inimigo número 1 deles”.
Ao compartilhar suas próprias experiências e vulnerabilidades, esses jovens cantores oferecem um senso de conexão e empatia ao qual muitos jovens anseiam. Suas músicas são um lembrete poderoso de que os jovens têm o potencial de moldar o futuro e fazer a diferença em suas realidades por meio de sua voz e suas ações.