Restaurante paulistano tem gastronomia caribenha

Primeira franquia jamaicana em São Paulo fica no centro da cidade.
por
Octávio Alves
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25/03/2025

Por Octávio Alves

 

No coração pulsante de São Paulo, mais precisamente na Rua Bento Freitas, 158, no bairro da República, existe um verdadeiro pedacinho do Caribe. A poucos minutos de caminhada do metrô, um restaurante chama a atenção pelas cores vibrantes, pelo aroma inconfundível de especiarias no ar e por uma identidade visual marcante: o Jerky’s. Mais do que um simples restaurante, o local oferece uma experiência cultural e sensorial única, sendo o único lugar da cidade que proporciona uma imersão completa na culinária caribenha.

Crescer na vida nunca é tarefa fácil, especialmente para quem vem de fora. Para os imigrantes, os desafios se multiplicam. Barreiras linguísticas, culturais, preconceitos e, muitas vezes, o peso de estereótipos carregados por gerações. E quando se vem de um país pouco citado na mídia ou cercado por imagens distorcidas, a jornada se torna ainda mais complexa.

É nesse cenário que desponta a história de André Antonio James, nascido em Kingston, na Jamaica, e hoje o rosto por trás do Jerky’s. James chegou ao Brasil em 2010 por meio de um programa diplomático entre os dois países, que lhe abriu as portas para estudar odontologia na USP, uma das universidades mais prestigiadas da América Latina. O plano inicial era claro: formar-se, adquirir experiência e, em seguida, partir para os Estados Unidos em busca de novas oportunidades. No entanto, o destino tinha outros planos.

Ao longo dos anos de estudo, James se viu cada vez mais envolvido com o estilo de vida brasileiro. Encantou-se com a diversidade, a musicalidade, a forma como os brasileiros equilibram trabalho, lazer e afeto. Foi aqui, segundo ele mesmo conta, que se tornou verdadeiramente adulto, que passou da juventude à maturidade. Ao final da faculdade, em vez de seguir uma carreira tradicional na odontologia, ele optou por um caminho mais ousado: empreender e deixar sua marca no Brasil de forma original e criativa.

O restaurante enfrentou momentos difíceis, especialmente durante a pandemia, e precisou se reinventar para continuar de portas abertas. Um dos desafios mais comuns é de encontrar o equilíbrio entre adaptar a culinária caribenha ao paladar brasileiro e manter a essência e o sabor autêntico do caribe, mas como o próprio dono do estabelecimento disse, que só precisou remanejar o nível de picância na comida.

Com pensamentos de comida estrangeira, vem o pensamentos sobre a comunidade caribenha no Brasil que ainda é pequena e relativamente recente. Um dos fluxos migratórios mais marcantes aconteceu em 2010, quando um grande número de haitianos veio ao País. Hoje, mais de 180 mil haitianos vivem aqui , e, assim como James, que explicou que o pensamentos das pessoas na Jamaica e no caribe sobre o Brasil é de utilizar como uma porta de entrada para os Estados Unidos. No entanto, por razões econômicas ou pessoais, acabam construindo uma vida no Brasil.

O Jerky’s quebra estereótipos. Ao contrário do que muitos imaginam, ele não se limita à clássica imagem do reggae, de Bob Marley ou das cores vibrantes do movimento religioso rastafári. O restaurante apresenta um ambiente multicultural e autêntico, mostrando a diversidade do Caribe muito além dos clichês que o reduzem a esta cultura diversificada.

Os clientes do restaurante são variados. É possível ouvir conversas em inglês entre nigerianos, jamaicanos e americanos, debatendo desde música até política norte-americana. Ao mesmo tempo, os olhares curiosos de brasileiros se voltavam para o local, principalmente por conta da placa do famoso programa de TV Pesadelo na Cozinha, que, embora ainda não tenha exibido o episódio gravado do restaurante, já desperta o interesse do público.

Com ambiente tranquilo e calmo com pratos típicos diferentes ao mesmo tempo comuns para o paladar brasileiro, como o molho Jerk, uma mistura de especiarias tensas e ao mesmo tempo saborosas que é utilizado em batata frita, frango ou costela o que chama atenção é a semelhança na aparência do barbecue que acaba dando um nó no paladar brasileiro.

Além disso, o arroz caribenho e a banana-da-terra lembram os pratos de origem africana, criando uma conexão natural com a culinária brasileira. Essa semelhança aproxima ainda mais os brasileiros da gastronomia caribenha, mostrando que, apesar das diferenças culturais, há sabores e tradições que nos unem. Apesar dos desafios enfrentados por imigrantes de países com culturas menos conhecidas, a trajetória de James é uma prova viva de que nem todos vêm ao Brasil em busca de refúgio. Alguns chegam com sonhos e saem deixando legados. E, no caso de James, esse legado vem em forma de aroma, sabor e hospitalidade — uma verdadeira celebração da diversidade e do poder transformador da cultura.

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