Por Gabriel Ferro Agostini
Helena é uma menina de 12 anos que usa a internet diariamente. Para ela, a rede é essencial no dia a dia, oferecendo aprendizado rápido, diversão e a possibilidade de manter contato com amigos. Vídeos educativos e jogos interativos, segundo ela, ajudam a aprender de forma mais dinâmica e envolvente, sem considerar seus eventuais efeitos negativos.
Além do uso para os estudos e o entretenimento, Helena também utiliza a internet para explorar seus hobbies, como desenhar, assistir tutoriais de arte e acompanhar canais sobre ciências e curiosidades. Ela diz que a internet a inspira e permite descobrir novos interesses que muitas vezes não são abordados na escola. No entanto, nem tudo são flores. Helena admite que, às vezes, passa mais tempo do que deveria conectada, principalmente em redes sociais e aplicativos de vídeo, o que acaba atrapalhando sua rotina.
A saúde mental tem sido um dos temas mais discutidos nos últimos anos, refletindo as pressões e desafios da sociedade moderna. Em 2024, a expressão “podridão mental”, em inglês "brain rot", foi eleita a palavra do ano pela Universidade de Harvard, representando o impacto do esgotamento psicológico, da desinformação e das crises globais sobre a população. Apesar de parecer um termo novo, sua origem remonta a 1854, quando o filósofo Henry David Thoreau utilizou a expressão no livro Walden para criticar a superficialidade intelectual da época.
No contexto atual, o termo ressurgiu com força entre as gerações mais jovens, principalmente a Geração Z e a Geração Alpha, que o utilizam de forma irônica para descrever o estado de esgotamento mental após longos períodos de consumo de conteúdo raso, como vídeos curtos, memes e debates agressivos. Em 2024, o uso da expressão aumentou 230% em relação ao ano anterior, o que levou o Dicionário Oxford a considerá-la a palavra do ano. O fenômeno do brain rot chama atenção para o impacto do excesso de estímulos digitais sobre a cognição, especialmente entre os mais jovens.
O excesso de informações e a sobrecarga mental não afetam apenas os mais jovens. Maria Eduarda Campos tem 32 anos e percebeu que sua ansiedade aumentou devido ao consumo excessivo de notícias e debates acalorados nas redes sociais. Ela conta que passava horas lendo comentários, acompanhando discussões e se envolvendo emocionalmente com tudo que via. Essa rotina estava afetando seu humor e seu bem-estar, e decidiu reduzir seu tempo de tela e buscar atividades mais relaxantes.
Diante desse cenário, algumas estratégias podem ajudar a minimizar os efeitos da podridão mental. Limitar o tempo de exposição às redes sociais, praticar exercícios físicos, encontrar hobbies que não envolvam telas e reservar momentos de descanso são medidas que podem contribuir para uma mente mais equilibrada. O termo brain rot é um reflexo do momento desafiador que afeta a sociedade e aponta para a importância de encontrar um equilíbrio entre estar informado e preservar a saúde mental. A conscientização sobre esse tema é essencial para promover mudanças e adotar hábitos mais saudáveis no dia a dia.