AS MULHERES QUE NÃO SE IDENTIFICAM COM O MOVIMENTO FEMINISTA

Pesquisa Datafolha apurou que o movimento no Brasil tem mais apoio entre os homens do que entre as mulheres
por
Soffy Hovaguimian
|
08/04/2021

 

Marcha 8M pelo dia internacional da mulher na cidade do México 
 

 

O feminismo é o movimento social que luta contra a violência de gênero, pela equidade de direito e de condições das mulheres na sociedade. É sinônimo de força, união e conquista, e tem ganhado cada vez mais destaque ao redor do mundo. Mas porque será  que tantas mulheres ainda não se identificam com o termo, e muitas vezes lutam contra o  movimento?  

 

Segundo a Pesquisa Datafolha, divulgada em 14 de janeiro de 2020, sobre o tema feminismo, 52% dos homens responderam que apoiam a causa feminista, contra 39% das mulheres brasileiras. A pesquisa ouviu 2.086 pessoas com 16 anos ou mais (sendo 1.095 mulheres e 991 homens), em 130 municípios do país, e a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. 

 

 O Datafolha mostrou ainda que a avaliação de que o feminismo traz benefícios para as mulheres e a sociedade é mais frequente entre as mulheres pretas do que entre as brancas. Os pesquisadores estipulam que pelo fato da  mulher negra sofrer com violências específicas de gênero e raça, como violência obstétrica durante o parto, e a desigualdade salarial até mesmo entre homens pretos, têm mais facilidade em compreender a importância dos movimentos de libertação de padrões patriarcais.  

 

É importante ressaltar que um dos grandes motivos para a rejeição do movimento, é a existência  de todos os estereótipos e visões equivocadas que permeiam o termo.   

 

No início do livro ‘’Feminists Don't Wear Pink - and Other Lies’’, publicado em outubro de 2018, a autora Scarlett Curtis cita e tenta quebrar esses estereótipos, como os boatos de que feministas não podem se depilar ou usar maquiagem - e odeiam homens. 

 

 São esses mesmos rótulos que persistem por anos. Na idade média, eram chamadas de bruxas e condenadas à fogueira por manifestarem seus conhecimentos e afrontarem o patriarcado. Na década de 1920, chamadas de "solteironas", e os diversos artigos publicados com o objetivo de negativar a luta, especulavam sobre a sexualidade e também sobre a índole dessas mulheres. Surpreendentemente e  quase um século depois, esse tipo de visão continua existindo e de forma bem presente na nossa sociedade.  

 

Outro fator que influencia na visão das pessoas contra a luta feminista, é a confusão  frequente entre o signifcado de feminismo e femismo.  O feminismo é totalmente contra qualquer tipo sexismo e discurso de ódio e reinvindica os direitos femininos por meio de uma disputada de igualdade. Já o femismo, é a ideologia que prega a superioridade do gênero feminino sobre o masculino, sendo um antagônico do machismo.  

 

Diante disso, 3 mulheres não feministas foram entrevistadas e questionadas sobre a opinião pessoal sobre o movimento. Cristina P, psicóloga de 34 anos, se diz antifeminista e a favor do humanismo. Segundo ela, se houvesse empatia e respeito de ambas as partes e sem rotulações, todos seriam mais felizes. (...) Devemos entender que cada sexo tem suas fragilidades e pontos fortes’’’, completou. Claudia H, artista de 50 anos, conta que não acredita no movimento feminista, ‘’Penso que a  mulher tem que lutar pelos seus direitos e precisa ser reconhecida, mas vejo o feminismo como um movimento político ao invés de uma luta para defender as mulheres’’. Já Debora L, fisioterapeuta de 45 anos, tem a visão de que o fato dela ser contra o machismo e a violência contra a mulher, não a torna uma feminista “ não me identifico com a pauta feminista”, encerrou.  

 

Em conclusão, tem- se que por mais que existam algumas mulheres que não enxergam o machismo presente na sociedade atual,  uma vasta maioria apoia a igualdade de gênero, e reconhece que ela não foi atingida ainda. Independentemente do rótulo que elas escolherem adotar. É  importante batalhar para que o ideal feminista seja bem esclarecido ao redor do mundo, e um dia, alcancemos a equidade de gênero. 

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