Febre de aplicativo molda os futuros lançamentos da indústria fonográfica

"Tiktokzação" inaugura comportamentos em ambientes de música e dança
por
Ramon Baratella
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26/05/2022

Por Ramon Baratella

Perdida em seus caderninhos de composições, temos Duda Cavalheiro que adentrou o mundo da música após postar seu primeiro cover na internet em 2017. Ela afirma que as redes sociais para o artista podem servir como uma ferramenta para trazer mais ouvintes e como compositora utiliza sua conta no Instagram para a conhecer e também seu trabalho no Spotify.

Em relação ao imediatismo e da informação é algo que torna sua opinião polarizada, e diz que como artistas, precisa estar consciente do mercado e saber usar as estratégias e que o marketing digital é algo que não dá para negar mais, tem que saber  como se inserir sem se esquecer do propósito da nossa essência. 

Tudo se torna passageiro quando estamos entretidos, essa é a função da música, senti-la com suas emoções. Para os nascidos nos anos 2000 e metade da década de 90 aproveitou a época onde as músicas tocadas tinham longa duração e também composições bem trabalhadas e a estrutura musical era completa com versos, refrões e uma ponte. 

É obvio que o público alvo varia de cada artista, mas voltado para o cenário pop, a nova fórmula é que cada faixa tenha a duração de no máximo 2 minutos e 30 segundos, isso faz com que alcancem mais pessoas, seja consumida de forma rápida e defina seu single de trabalho como um futuro hit.

A cantora complementa que estuda o mercado digital e percebe que antigamente o Youtube entregava os conteúdos postados na plataforma e as pessoas consumiam vídeos mais longos e que hoje tem menos visualizações, mas não negligencia o uso das redes em uma época que estamos minados de informação, “entendo o fato das pessoas não consumirem conteúdo o tempo inteiro, precisamos de uns respiros”.  

A dança sempre esteve presente em nossas vidas, tanto na infância quanto na vida adulta e durante os tempos de reclusão em casa, nos encontramos procurando incansavelmente por entretenimento, e nesse sentido se tornou inquestionável a explosão do TikTok já que se tornou uma válvula de escape usada por muitos.

O aplicativo ganhou fama pelos seus vídeos curtos com diversos tipos de conteúdos como receitas, desenhos, tutorias de maquiagem, dicas de estudos e com cantores brasileiros usando a plataforma para conseguir mais ouvintes, essa foi uma oportunidade para que vários bailarinos ao redor do País utilizassem também esta chave.

​  Giovanni e Wesley em seus perfis do TiktTok, respectivamente / foto: arquivo pessoal    ​
Giovanni e Wesley em seus perfis do TiktTok, respectivamente / foto: arquivo pessoal   ​

 

Os movimentos simples usados em 30 segundos de vídeo rodam o país e tornando músicas em grandes sucessos. No cenário internacional, cantoras como Beyoncé e Britney Spears montam suas performances com números aprimorados e Giovanni Lucanno, professor de dança, comenta que com passos mais elaborados acaba criando um nicho para pessoas que sabem dançar com um grau de dificuldade maior, “acredito que o TikTok e as coreografias são pensadas para todo tipo de pessoa. Não há uma técnica ou um baseamento é apenas uma diversão, um passatempo”.

Assim como Lucanno, o coreógrafo Wesley Alves complementa que não sente tanta falta das coreografias elaboradas já que sempre são vistas apenas nas cantoras de fora e nunca das brasileiras, além de que as danças montadas pelos coreógrafos de fora não são tão ligados ao TikTok, e afirma que foi uma forma de cantores nacionais alavancarem seu trabalho fazendo com que todo mundo conseguisse ouvir e dançar mais ainda.

 com o tempo saberemos o impacto deixado pelas dancinhas, será que teremos uma expansão destes movimentos ou se será algo que trará nostalgia desta geração no futuro. Uma coisa é certa, a descoberta de talentos que a rede social nos trouxe não vão ser esquecidas tão facilmente. 


 

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