De acordo com a última atualização do Ministério da Saúde, o Brasil registrou hoje (30) 85.380 casos de coronavírus em todo território nacional. 25% se concentra no estado de São Paulo, epicentro da doença no país. Nas últimas duas semanas, o estado também registrou aumento de 173% no número de mortes causadas pela doença.
Com medidas de prevenção sendo tomadas pelo governo estadual desde o começo da pandemia no Brasil, o pico da doença é esperado para as próximas semanas.
Com 313 municípios com casos registrados, São Paulo possui a maior taxa de infectados em relação ao total do país, além de representar 29% das mortes. O maior volume de casos está na capital, com 16.638, seguido por Osasco, com 762, e Guarulhos, com 737, todos na região metropolitana da capital paulista.
Do total das cidades em que pelo menos uma pessoa testou positivo para o vírus, 43 delas possuem mais de 50 casos confirmados e 144 municípios paulistas já registraram ao menos um óbito.
No dia 31 de janeiro, quase um mês antes do primeiro caso de Covid-19 ser confirmado, o governador de São Paulo, João Dória, juntamente com o prefeito da capital paulista, Bruno Covas, e o secretário de Estado de Saúde, Henrique Germann, anunciaram o plano de prevenção e a formação de um comitê estratégico para questões relacionadas ao novo coronavírus.
Após o primeiro paciente testar positivo para a doença, o governo passou a monitorar todos os casos suspeitos e, em 16 de março, quando já havia mais de 150 casos no estado, Dória anunciou o cancelamento das aulas, a fim de evitar a propagação do vírus.
Mas foi no dia 21 de março, após 459 pacientes testarem positivo, que o governo anunciou a quarentena no estado, que teve início no dia 23 e seria finalizada 15 dias depois, mas, devido ao aumento de casos, foi prorrogada duas vezes e a próxima data prevista para a reabertura dos comércios e serviços não essenciais é o dia 10 de maio. Também foi anunciado que os comércios que desobedecerem a determinação, estão sujeitos a lacração, o que já aconteceu em 206 estabelecimentos.
A rotina dos paulistas durante a quarentena no estado de São Paulo
Na capital paulista, a publicitária Luisa Di Domenico, 34, conta que o estresse do trânsito na cidade mudou, “o problema da quarentena e do home office é que a gente acaba preso no ambiente de trabalho e o estresse do trânsito é substituído pela ansiedade de nunca sair do trabalho”, diz. Nas últimas semanas, a cidade de São Paulo registrou uma diminuição na adesão das pessoas à quarentena, chegando a apenas 48%, de acordo com o governador. “A recomendação é somente sair de casa em caso de necessidade. Porém, cada um julga suas necessidades de formas diferentes: sair para comprar remédio pode ser necessidade para uns e sair para comprar cerveja pode ser necessidade para outros. Acho que a conscientização do problema e colaboração de todos evitaria uma fiscalização mais dura no futuro”, afirma Domenico.
Tainah Biela, 26, estava estudando no Reino Unido quando os primeiros casos foram registrados por lá e acabou retornando ao Brasil no dia 29 de fevereiro, três dias após a confirmação do primeiro caso aqui. “Utilizei máscara durante todo o tempo que fiquei em aeroportos e aviões, tirando apenas para comer. Fiz uma boa viagem, mas comecei a sentir um leve incômodo respiratório em meu primeiro dia no Brasil. [Em um hospital público de Americana, interior de São Paulo] recolheram meu swab e me orientaram a permanecer em casa por 14 dias. Demorei 10 dias para ter meu resultado que, felizmente, foi negativo para Covid-19.”, lembra a estudante. Apesar de Americana ter apenas 51 casos registrados, a cidade deve seguir a determinação do governo de São Paulo, já que essa vale para os 645 municípios do estado, mas de acordo com Biela, nem todos estão respeitando, “passando de carro pelo principal terminal de ônibus da cidade, no centro, pude observar ônibus lotados de passageiros. A redução da frota não reduziu a movimentação de pessoas no centro da cidade” comenta.
O trabalho foi uma das áreas que mais sofreu com as adaptações e ainda assim não é todo mundo que consegue manter 100% do salário, mesmo que trabalhando em casa. Reginaldo Lahr, 52, possui uma empresa de representação comercial em Bauru, interior de São Paulo, e atende um laboratório farmacêutico, que mesmo sendo um setor de serviço essencial, não garantiu o faturamento total do empresário, “o sistema financeiro da maioria das pessoas está sendo muito afetado. No meu caso não é diferente, visto que meu ganho será de 30% do normal e as despesas mensais não diminuíram”.
A terceira maior cidade do estado, Campinas possui 369 casos confirmados e 16 óbitos. Por lá, além da quarentena do estado, o prefeito Jonas Donizette já havia tomado medidas para a prevenção da propagação do vírus como, por exemplo, fiscalizar as principais rodovias que dão acesso à cidade utilizando a guarda municipal a fim de orientar a circulação somente em casos de extrema necessidade. Mas, a administradora de empresas Laís Jeremias, 24, em uma ida ao centro da cidade percebeu uma movimentação grande, “notei uma grande quantidade de pessoas andando e até mesmo comprando; pessoas aparentemente mais velhas, do grupo de risco, se aglomerando nas portas dos bancos, nem sempre usando máscaras e muito menos respeitando a distância mínima”. Ela também comentou sobre os comércios estarem desrespeitando as determinações municipais e estaduais, “comércios não-essenciais também estão abertos, até mesmo camelôs e vendedores ambulantes”, observa Jeremias.