Coronavírus ameaça Tóquio 2020

A menos de cinco meses para os jogos, Japão luta contra cancelamento
por
Gabriela Reis
|
15/03/2020

* Essa reportagem foi produzida em março, como primeira tarefa do Contraponto Digital, no início da pandemia de COVID-19. Hoje, com mais de 3 mi de infectados no mundo, sabemos que o evento foi adiado para 2021.

Dado Ruvic Illustration Reuters
Dado Ruvic/Illustration Reuters

 

Harmonia, equilíbrio, alegria e união são símbolos que marcam a temporada de jogos olímpicos a cada quatro anos. As divergências políticas são deixadas de lado, enquanto atletas de todos os lugares do mundo se encontram para realizar uma tradição que se perpetua a mais de um século.

Por intermédio do esporte, países em discórdia e/ou conflito encontram-se de forma pacífica para se enfrentar como rivais no campo, na quadra, na piscina, seja onde for. O objetivo da Olimpíada é contribuir na construção de um mundo melhor para todos, sem qualquer tipo de preconceito ou segregação.

Em toda a história dos jogos olímpicos, apenas três edições deixaram de ser realizadas: 1916 - Berlim, 1940- Tóquio e 1944 - Londres. Todas elas causadas por divergências políticas e guerras entre os países.

Apesar da quebra com os princípios de paz ter sido o principal motivo do cancelamento de edições olímpicas no passado, o problema esse ano pode ser diferente com a chegada do COVID-19, conhecido como o novo coronavírus.

O professor de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Eliseu Alves Waldman, afirmou que “dependendo da evolução da pandemia, será necessário o cancelamento do evento, ou então o seu adiamento”. Para o especialista, o mais provável é que a situação se torne mais controlada a partir do final de junho ou julho, no entanto, ele se mantém otimista. “Precisamos esperar para se ter uma ideia mais precisa”, afirmou.

A triagem de casos com maior gravidade dos sintomas, o fechamento de fronteiras, a suspensão de aulas e a intensificação de hábitos culturais, como as máscaras descartáveis, tem ajudado o Japão a conter a propagação do vírus.

Para Waldman, o governo japonês está na direção certa ao adotar rigorosamente as recomendações da Organização Mundial de Saúde. “Todas elas têm como foco a contenção e mitigação dos efeitos da pandemia, ou seja, restrição dos contatos sociais cuidado com a higiene das mãos e do rosto, proteção da população idosa”.

Eventos-teste comuns que acontecem antes do evento já foram cancelados em meio ao surto da doença no país, e a famosa entrega da chama olímpica da Grécia para a nova sede da Olimpíada que foi programada para acontecer de portões fechados e sem imprensa.

O Comitê Organizador da Olimpíada de Tóquio 2020 ainda não terminou as discussões sobre o impacto do vírus no evento esportivo. A previsão é que no fim de março, venha ser realizada um encontro para analisar o adiamento, e o como a decisão poderá afetar a execução de outros eventos de acordo com o calendário esportivo.

A questão financeira também é uma questão determinante na discussão, já que a estimativa para o custo total da organização dos Jogos de Tóquio, em 2019, era 11,5 bilhões de euros.

De acordo com dados divulgados pela agência "Kyodo News" com base no relatório da "SMBC Nikko Securities Inc.", o Produto Interno Bruto (PIB) japonês pode ser reduzido em 1,4% em 2020. Caso a epidemia fosse interrompida em abril, o efeito negativo no PIB do Japão seria de apenas a 0,9%.

Independentemente da decisão do governo japonês, o impacto da epidemia global de coronavírus irá prejudicar a economia, não só do Japão, mas também da maioria dos países do mundo.

Hoje, as incertezas associadas à pandemia, já balançam as bolsas por todo o mundo. O secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, afirmou que a economia mundial sofrerá "por anos" e alertou que é "irrealista pensar" que se recuperará rapidamente.

O confinamento da população de muitos países que paralisaram tanto as atividades industriais quanto as comerciais, afetando bolso dos cidadãos em geral.

Especialistas de todo o mundo, acreditam que será necessário um esforço coletivo para tentar mitigar o impacto que a pandemia irá causar na economia

Essa pode ser a primeira vez que uma Edição Olímpica seja cancelada por um caso de emergência de saúde pública. Até o momento, o evento está marcado para acontecer entre os dias 24 de julho a 9 de agosto em Tóquio, no Japão, e tanto o país quanto o Comitê Olímpico insistem na realização do espetáculo na data determinada.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, declarou que a doença não atingiu um ponto que o faça declarar estado de emergência nacional, como em outros países, e que o Japão continua a coordenar o caso com o Comitê Olímpico Internacional (COI): “Queremos receber os Olímpicos e Paralímpicos, tal como planejado”.

O vírus que teve início na China, em dezembro do ano passado, já provocou mais de 12.000 mortes no mundo, e registra infectados em mais de 135 países. A doença pode causar danos respiratórios que vão desde um simples resfriado até síndromes respiratórias agudas severas.

Só no Japão, são mais de 1.500 casos de pessoas infectadas e 40 mortes associadas à doença, ou seja, uma taxa de mortalidade de 2,9%.

Evento estava previsto para 24 de julho e 9 de agosto (Athit Perawongmetha/Reuters)
Evento estava previsto para 24 de julho e 9 de agosto (Athit Perawongmetha/Reuters)

O professor de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Eliseu Alves Waldman, afirmou que “dependendo da evolução da pandemia, será necessário o cancelamento do evento, ou então o seu adiamento”. Para o especialista, o mais provável é que a situação se torne mais controlada a partir do final de junho ou julho,

no entanto, ele se mantém otimista. “Precisamos esperar para se ter uma ideia mais precisa”, afirmou.

A triagem de casos com maior gravidade dos sintomas, o fechamento de fronteiras, a suspensão de aulas e a intensificação de hábitos culturais, como as máscaras descartáveis, tem ajudado o Japão a conter a propagação do vírus.

Para Waldman, o governo japonês está na direção certa ao adotar rigorosamente as recomendações da Organização Mundial de Saúde. “Todas elas têm como foco a contenção e mitigação dos efeitos da pandemia, ou seja, restrição dos contatos sociais cuidado com a higiene das mãos e do rosto, proteção da população idosa”.

Eventos-teste comuns que acontecem antes do evento já foram cancelados em meio ao surto da doença no país, e a famosa entrega da chama olímpica da Grécia para a nova sede da Olimpíada que foi programada para acontecer de portões fechados e sem imprensa.

O Comitê Organizador da Olimpíada de Tóquio 2020 ainda não terminou as discussões sobre o impacto do vírus no evento esportivo. A previsão é que no fim de março, venha ser realizada um encontro para analisar o adiamento, e o como a decisão poderá afetar a execução de outros eventos de acordo com o calendário esportivo.

A questão financeira também é uma questão determinante na discussão, já que a estimativa para o custo total da organização dos Jogos de Tóquio, em 2019, era 11,5 bilhões de euros.

De acordo com dados divulgados pela agência "Kyodo News" com base no relatório da "SMBC Nikko Securities Inc.", o Produto Interno Bruto (PIB) japonês pode ser reduzido em 1,4% em 2020. Caso a epidemia fosse interrompida em abril, o efeito negativo no PIB do Japão seria de apenas a 0,9%.

Independentemente da decisão do governo japonês, o impacto da epidemia global de coronavírus irá prejudicar a economia, não só do Japão, mas também da maioria dos países do mundo.

Hoje, as incertezas associadas à pandemia, já balançam as bolsas por todo o mundo. O secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, afirmou que a economia mundial sofrerá "por anos" e alertou que é "irrealista pensar" que se recuperará rapidamente.

O confinamento da população de muitos países que paralisaram tanto as atividades industriais quanto as comerciais, afetando bolso dos cidadãos em geral.

Especialistas de todo o mundo, acreditam que será necessário um esforço coletivo para tentar mitigar o impacto que a pandemia irá causar na economia.

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